domingo, 10 de março de 2013

Só fui lá fora tomar banho de chuva e voltei








Trovões e raios se tornaram rotina no Rio de Janeiro ao anoitecer...

Na terça feira passada mais de 3.000 relâmpagos rasgaram o céu...

Bonito e assustador...

Começou a chover agora...

22 h e 15 min...

Foi rápido e intenso...

Fui lá fora de bermuda, descalço  e sem camisa até a esquina...

Meus pés se encheram de barro com trovejadas que balançaram o chão...

Escorreguei como quem ensaia sobre skate...

Abri os braços no meio da rua feito um louco...

Olhei para o céu e botei a língua pra fora bebendo água da chuva...

Como uma cena do Paciente Inglês conduzido na maca...

Gritei um puta que o pariu  que me estremeceu o peito...

Não tenho nenhum ódio acumulado contra a natureza...

É só alguma reação do sei lá o quê...

Volto...

Sento na frente do computador com restos de terra ainda nos dois pés...

Lembro da última vez que fiz isto e fiquei com ouvido surdo e todo encatarrado...

Agora parou de chover...

Talvez meu anjo da guarda importado tenha determinado para eu não pegar pneumonia ou tuberculose...

Ainda não posso ir embora de forma tão prosaica como poeta que jamais serei...

Ainda não...

Só posso ir embora quando aprender a voar, dançar e cantar...

Estou treinando...

Já aprendi quase tudo...

Menos dançar na chuva sem sentir vergonha quando uma dona abre sua janela e ri da minha coreografia surreal no meio do nada...

Falta ensinar a moça da janela também aprender a voar...



Jorge Schweitzer


















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