quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mãe e filho pasteleiros - Kameko Assato Nakamatsu, 70 anos, e Vicente Yassuiti Nakamatsu, de 45 - são executados a tiros em Vila Carrão, São Paulo




Kleber Tomaz
Do G1 SP

Duas testemunhas ouvidas nesta quarta-feira (30) pela Polícia Civil de São Paulo afirmaram em seus depoimentos que o homem não identificado que atirou e matou mãe e filho pela manhã na Vila Carrão, na Zona Leste de São Paulo, não disse nada antes dos disparos. As vítimas foram atingidas quando saíam de casa numa perua para trabalhar numa feira.

As declarações da mulher da vítima, de 41 anos, que abriu o portão para a saída do marido e da sogra, e de um morador de rua de 46 anos, que também viu o criminoso atirar, reforça uma das teses investigadas pela polícia que é a de execução, motivada, provavelmente, por desavenças, vingança ou acerto de contas.

Outra hipótese apurada pela polícia para tentar esclarecer o caso é a de que os pasteleiros Kameko Assato Nakamatsu, de 70 anos, e Vicente Yassuiti Nakamatsu, de 45, foram mortos porque teriam reagido a uma suposta tentativa de assalto.

Apesar disso, as testemunhas que presenciaram o crime disseram que o criminoso não anunciou assalto e não roubou nada das vítimas. Foram encontrados quase R$ 450 com os dois. O agressor, um homem com cerca de 1,80 metro, aparentando ter 20 anos e vestindo um agasalho de moletom com capuz, fugiu após efetuar os disparos. Ele entrou num carro escuro que era conduzido por um comparsa.

Até a tarde desta quarta, o atirador não havia sido identificado e nenhum suspeito detido para averiguação. Fotos de criminosos que já foram presos ou são investigados por suspeita de integrar a "Gangue ou Bando da Chapa Quente", grupo criminoso conhecido na Zona Leste por atacar orientais e descendentes, foram apresentadas às testemunhas para reconhecimento na Central de Flagrantes da 5ª Delegacia Seccional Leste, onde o homicídio foi registrado.

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Suspeito
Segundo o delegado Fábio Ferreira Lins, da Central de Flagrantes, até o começo desta tarde nenhum suspeito havia sido identificado pelas testemunhas.

Devido à complexidade do caso, ele será investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Policiais do departamento estiveram na Central de Flagrantes para saber da mulher da vítima se o marido dela ou sua sogra haviam recebido ameaças recentemente. Nomes de eventuais ex-funcionários e desafetos seriam passados para os investigadores. Apesar disso, ela contou não ter conhecimento de nenhuma ameaça direcionada às vítimas ou a sua família.

Além da mãe e do filho mortos, mais seis pessoas viviam no imóvel onde houve a abordagem criminosa. Segundo o morador de rua relatou à polícia, ele costuma trabalhar informalmente como carroceiro, coletando materiais recicláveis. Nesta manhã, ele afirmou que estava dormindo na frente de um imóvel vizinho à residência das vítimas quando acordou após escutar um barulho, perto das 6h. Um homem usando moletom com capuz estava a cerca de três metros de distância dele.

“O catador de recicláveis ainda cumprimentou esse homem com um sinal de joia feito com a mão para saber se ele era hostil. O homem o cumprimentou de volta. Depois, ele saiu caminhando em direção à casa das vítimas quando o portão da garagem foi aberto. O carroceiro contou que viu o homem sacar uma arma e, sem falar nada para as vítimas, atirou três vezes contra o motorista e a idosa que estavam na perua”, disse o delegado Fábio Lins. “A versão da mulher da vítima bate com a do morador de rua nesse sentindo de como foi a ação”.

Tanto o carroceiro quanto a mulher da vítima não quiseram falar com a imprensa na delegacia.


Vítimas
Como as vítimas foram baleadas à queima-roupa quando a Kombi estava em movimento, com a marcha engatada, o veículo ainda percorreu uma distância de cerca de 70 metros e bateu na grade de proteção da Avenida Aricanduva.

No trajeto, o automóvel que era conduzido por Vicente saiu da frente da residência da família, que fica na Rua Alumínio, subiu na Praça Arquipélago de Açores, onde destruiu uma árvore e um ponto de ônibus, até colidir no guard-rail. A polícia investiga se o motorista ficou com o pé preso no acelerador ou estava tentado fugir.

Imagens de câmeras de monitoramento de segurança da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e de imóveis vizinhos serão analisadas para saber se elas gravaram o momento do crime. Segundo a polícia, peritos da Polícia Técnico-Científica de São Paulo vão analisar as circunstâncias de como as vítimas foram mortas. Os corpos da mãe e do filho foram retirados durante esta tarde.

Procurados para comentar o assunto, os familiares das vítimas não quiseram falar com o G1. Vizinhos dos feirantes mortos a tiros afirmam que eles moravam numa casa com mais seis pessoas, todas da mesma família. "Eles eram ótimos vizinhos, sempre trabalhadores. Pelo fato de serem orientais, a cultura deles é de serem mais reservados, mas sempre nos cumprimentavam", disse a aposentada Maria Lucia Ferrareto, 64 anos. Ela e o marido, o também aposentado Geraldo Ferrareto, 69 anos, moram há 35 anos na região. "Apesar de eu desconfiar que foi uma tentativa de assalto, nunca ocorreram assaltos aqui perto".

2 comentários:

  1. Pessoas trabalhadoras como esses nikkeis foram mortas de uma forma tão repugnantes por assassinos que estão as soltas e podem fazer novas vítimas. Estou indignada com tal violência. Espero que seja feito justiça.

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  2. Estamos cada dia a mercê de bandidos.Pior q o s assassinos, estão asolta fazendo o q bem quer. Indignada!

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