sexta-feira, 18 de março de 2011

O Escapulário Roto...

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Foi há muitos carnavais...

Uma moça apanhou meu táxi...

Perguntou se eu gostaria de ganhar um presente sem perguntar a razão...

Lógico...

Me deu três opções...

Uma mini cafeteira; um Genius ou um tapete com a imagem do Bip Bip...

Todos objetos antigos, dentro de sua imensa sacola, que jamais foram usados...

Optei pelo tapete do Bip Bip...

Era o seguinte...

Vários amigos seus se reuniram e cada um tinha que encontrar algum objeto que haviam ganho e sem motivo abandonado em algum fundo de armário...

A única condição é que o presenteado - encontrado por acaso por aí - deveria narrar qual destino dei ao presente depois de um mes através do email que ela me deixou...

Na etiqueta do tapete havia o nome da moça antiga dona do tapete Bip Bip...

No dia seguinte reproduzi no blog um texto sobre este encontro inusitado que pediram autorização para ler no encontro do pessoal de teatro que teve a idéia...

Chamava-se 'O cachorro de Mickey Rourke'...

Mickey Rourke adentrou todas desgraças humanas envoltas em drogas, desilusão e decadência...

Quando não lhe sobrou nenhuma motivação de sobrevida e abandonado por amigos, Mickey Rourke adotou um cachorro...

Necessitava provar que tinha capacidade de cuidar de algo sem destruir...

Durante muito tempo meu tapete do Bip Bip ficou como meu símbolo de resistência...

Preciso de amuletos...

Como uma guia de Ogum; uma Bíblia; uma figurinha das 'Princesas'; um anel de São Jorge; um Terço; uma Causa ou meu Escapulário...

Sempre necessito de um...

Acabo de substituir meu velho escapulário roto como num ritual repetido...

O antigo sempre enterro para que ninguém possa tocar naquela carga histórica das minhas pegadas que ele testemunhou no meu peito...

Mergulhei o novo na água benta da Igreja de Copacabana e saí em direção a Hilário de Gouveia...

Me sinto ridículo repetindo algo que não creio...

Por razões incompreensíveis...

Gosto desta minha liturgia secreta...

Saboreio todas minhas dúvidas sobre a Onipotência Pai Filho Espirito Santo para blasfemar com mais propriedade sobre a inoperância da espada divina a não alcançar covardias humanas...



Jorge Schweitzer




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