terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Incêndio





Engraçado...

O primeiro incêndio em que estive, meu filho Rodrigo não deve lembrar...

Outros dois com certeza...

Um foi na Modern Sound de Copacabana que ficava exatamente abaixo de nossa janela...

Uma fumaça espessa saindo e subi numa escada e apaguei com extintores jogados por porteiros...

No dia seguinte diversas pessoas estavam na fila para comprar ingresso para o Cirque du Soleil e o proprietário da casa, Seu Pedro,  nem me deu  atenção ou agradeceu...

Noutro foi no carro de uma senhora na Barata Ribeiro em que a rua parou...

Rodrigo ainda menino  ficou muito aborrecido por eu esguichar em direção ao fogo e ele não poder fazer a festa com dezenas de extintores que ônibus e carros me emprestavam...

Ficou puto...

Então, o primeiro...

Eu morava na Rua da Lapa, 293 ou algum número parecido que agora se chama Rua da Glória, 4...

Rodrigo era bebê e sua mãe pode confirmar a história...

Além da atual síndica que se chama Diana e na época se dizia sub-síndica e morava com a mãe...

O apartamento ao lado lançava labaredas pela janela...

Este prédio é uma construção do Oscar Niemeyer projetado com duplex de quarto e sala e outros amplos de 3 quartos com vista para o Aterro do Flamengo...

Eu estava de saída para uma reunião com pessoal da Esso paramentado de terno e gravata...

O apartamento ao lado estava trancado e seu proprietário havia deixado uma vela de sétimo dia sobre um armário da cozinha...

Todos no amplo corredor sem saber o que fazer...

Fui informado que não deveria arrombar a porta sem autorização...

Arrebentei sem autorização alguma...

Comuniquei que se alguém me providenciasse ferramentas entraria lá...

Apareceu até machado e picareta que jamais entendi como alguém guarda em casa...

Descobri que fechadura papaiz realmente é eficiente...

Já tinha visto cenas de filmes onde a polícia derruba porta com um tranco de ombro...

Fiquei quase um ano com dor na clavícula e a porta nem se mexeu...

Finalmente derrubei com picareta picotando a porta...

Todos em volta só observando...

Entrei no meio daquele nada de fumaça branca...

Toda aquela técnica de molhar toalha e colocar no nariz descobri que me impedia respirar...

A madeira do armário da cozinha estava em brasa e o alumínio exalava fumaça preta...

Eu pedia que procurassem extintores e me entregassem...

Recebi cinco extintores  que não possuíam disparador convencional...

Ao derrubar um por acaso decifrei que bastava virá-los de cabeça pra baixo para acionar...

Em dois segundos apaguei o fogo...

No meio de um nada  de fumaça que não enxergava direito...

Voltei pra casa quando já escutava sirenes de bombeiros...

Entrei no banheiro para tomar banho com roupa e tudo...

Aconselharam que eu tomasse leite...

Que nada, eu me sentia ótimo...

Fiquei tonto e comecei a espirrar bolas pretas de fuligem pelo nariz...

Deitei no sofá e logo em seguida estava ótimo e saí para trabalhar...

Meu anjo da guarda é importado...

Na semana passada lembrei desta história...




Jorge Schweitzer




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