terça-feira, 9 de abril de 2013

O Ultimo Sobrevivente de uma Noite Sem Fim












Dia desses uma conhecida comprou elástico de prender lençol debaixo do colchão e estava atrapalhada com as presilhas enquanto eu aguardava ela arrumar a cama... 

Eu não... 


Em segundos executei a manobra por conhecer a mecânica da operação que aprendi desarmando cintas liga de namoradas lá pela década de 70... 


Namoro até então era uma coisa que exigia habilidade do candidato a Don Juan... 


Anáguas, cintas ligas e sutiãs com ilhós era o teste definitivo da capacidade de demonstrar à nova namorada que não éramos passageiro de primeira viagem... 


Tomei um solavanco de realidade ao ser zoada pela minha parceira de 34 anos de idade: 


- Jorge, Jorge! Lá vem você com seu saudosismo que eu não faço parte... 


Resolvi reavivar que mesmo maravilhosas mulheres esculpidas na dureza de academia já possuem suas ridículas lembranças vivas de há pouco... 


E algumas tão bobonas tanto quanto as de antigamente... 


Lembrar do nome da gordinha que ganhou o primeiro Sem Limite já é o primeiro sinal de declínio ladeira abaixo... 


E ragatanga? 


Aserehe ra de re, de hebe tu de hebere Seibiunouba mahabi, an de bugui an de buididipi... 


Não ria, se rir admite a balzaquice... 


E... 


Pocototó, pocototó, pocotó? 


Hum... 


E Rodolfo e ET com 'Eu comprei uma panela de pressão Só pra ver se eu cozinho mais depressa Sou solteiro, não tenho compromisso Se eu lavo, se eu cozinho Ninguém tem nada com isso'...? 


E Carla Peres na boquinha da garrafa? 


Duvido que alguém confesse que assistiu a Cinderela Baiana no cinema... 


E a Blitz? 


'Você não soube me amar'....


Quem desta época já não foi num show do Lulu Santos?  


E do Oswaldo Montenegro, credo? 


Quem já não se sentiu no meio da letra do Renato Russo? 


Quem não sabe quem é Kid Vinil? 


Quem já assistiu alguma entrevista do Neimeyer vivo? 


Quem lembra do Diretas Já? 


Qual mulher já  não brincou de ser Xuxa empunhando um microfone enfeitado de brincadeira entrevistando outras crianças no quintal da vila mandado um beijo, para meu pai, minha mãe e para  você?


Nossas lembranças são milagres para sempre...


Dia desses assisti entrevista da Maitê Proença, no Tá na Hora da Isabella Saes na Rádio MPB FM 90.3 RJ, falando sobre sua peça À Beira do Abismo me Cresceram Asas que aborda velhice de forma feliz.... 


Está no Teatro do Leblon – Sala Fernanda Montenegro Rua Conde Bernadotte, 26 – Leblon 2529-7700 Horário: Quinta a Sábado, às 21h, Domingo, às 20h Ingressos: Quinta/Sexta–R$ 60,00

Sábado–R$ 80,00
Domingo–R$ 70,00 
Bilheteria: de Terça a Domingo, a partir das 15h 
Classificação: 12 anos 
Gênero: comédia dramática 
Temporada: 08 de março a 28 de abril 

Pronto já fiz o comercial... 


Agora, bacana foi escutar a Maitê certeira dizendo que temos todas as idades quando vamos além...


Com 70: já tivemos cinco, quinze, vinte, cinquenta que continuamos preservando-nos  em nossas lembranças arquivadas...


Final de tudo é quando perdemos a capacidade de sonhar, nos indignar, planejar e tentar por em prática algo feliz para o dia seguinte...


Não existe ser jovem ou velho...


Existe estar vivo...


Sempre acredito que temos muito mais a fazer do que todos possam duvidar...

Pelo menos me agarro irado nesta lógica conveniente do barulho que somos capazes de produzir ao invés do contemplativo final de tudo jogando cartas e dominó na praça...


Nada faria sentido se no final de tudo eu aprendesse a embaralhar e adestrado a misturar pedras com a mão trêmula...


O melhor do que eu possa fazer ainda está por vir...


Aguardem...





Jorge Schweitzer














2 comentários:

  1. Participei de TODOS os eventos
    estive num programa ad Xuxa e.. chorei!

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  2. Certamente chorou de emoção ao levar a netinha. Ne não?

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