sexta-feira, 24 de maio de 2013
Juiz Vilmar José Barreto Pinheiro, que mandou prender os integrantes da banda Planet Hemp em 1997, é afastado sob acusação de ter recebido 40 mil para soltar traficante
Juiz que mandou prender Planet Hemp é afastado por suspeita de receber propina de traficante
Ele foi aposentado compulsoriamente e vai continuar a receber salário de cerca de R$ 28 mil
O Globo
BRASÍLIA — O Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou esta semana à aposentadoria compulsória o juiz Vilmar José Barreto Pinheiro, que mandou prender os integrantes da banda Planet Hemp em 1997 por apologia às drogas.
De acordo com o jornal “Correio Braziliense”, o magistrado foi acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de receber R$ 40 mil para conceder a liberdade a um traficante quando exercia o cargo de titular da 1ª Vara de Entorpecentes e Contravenções Penais de Brasília.
Na época da prisão dos músicos, o juiz também proibiu shows e a venda de discos, fitas e CDs da banda no Distrito Federal.
O magistrado foi afastado por maioria dos votos: 11 a quatro, em processo administrativo que correu sob segredo de justiça e se arrastou durante dez anos.
O conselho aplicou a pena máxima para o caso de um processo administrativo sobre violação dos deveres funcionais.
Com a aposentadoria compulsória, Barreto não poderá mais exercer a magistratura, mas continuará recebendo salário do tribunal que em abril foi de R$ 28.761,43.
No Facebook, o Planet Hemp considerou a punição ao juiz “se não uma ironia, ao menos uma escancarada safadeza do poder judiciário brasileiro”.
Em um texto entitulado “Retrato da hipocrisia e falso moralismo da sociedade brasileira”, a banda informa aos fãs o ocorrido e chama a sociedade a dexintoxicar a sua percepção.
“Até quando a sociedade dará ouvidos a discursos recheados de interesses e financiados não só pela corrupção, mas pela falta de esclarecimento geral da população?
Bater no peito e levantar bandeiras contra as drogas é fácil, ainda mais com o auxílio da mídia atenta em manipular e instigar o senso comum.
Desintoxique-se!
E, ao falar isso, não estamos nos referindo a nenhum tipo de substância.
Desintoxique a sua percepção!
Preste atenção em quem realmente diz ser a voz da justiça desse país, condenando a liberdade de expressão de forma atroz e reflita se é essa a representação que você realmente aceita para si.”
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