‘Através das dificuldades chega-se às estrelas”.
A frase tatuada no corpo das três amigas Lauren Dotta Lobato, 24 anos, Aleniram Soares e Taciele Cassel estará presente na vida delas.
Assim como ficará para sempre a lembrança da amiga Mariane Wallau Vielmo, 24.
A jovem faria a tatuagem depois que saísse do hospital.
Não teve a chance.
Mariane morreu no começo da manhã de ontem, no Hospital de Clínicas em Porto Alegre.
Ela é a 242ª vítima do incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro.
Junto às palavras, quatro estrelas representam as quatro amigas de infância.
Mariane estava internada na Capital desde o dia da tragédia.
O hospital notificou a Secretaria da Saúde do município que a jovem morreu por volta das 5h15min.
O corpo chegou ao Departamento Médico Legal (DML), em Porto Alegre, às 9h30min, e foi liberado à tarde para ser trazido a Santa Maria.
Chegou na cidade por volta das 19h30min de ontem e até o fechamento desta edição, o velório ainda não havia começado, mas seria realizado no Cemitério Santa Rita de Cássia.
O sepultamento estava marcado para as 10h da manhã desta segunda-feira.
Abalados, familiares preferiram não se manifestar. Natural de Santiago, na região central do Estado, Mariane era estudante de Sistemas de Informação no Centro Universitário Franciscano (Unifra) e trabalhava no setor de informática do Colégio Sant’Anna.
Na noite da tragédia, foi à Kiss com três amigas.
Nenhuma delas sobreviveu.
A morte da jovem repercutiu durante todo o domingo nas redes sociais.
Amigos deixaram recados em suas páginas no Facebook.
No perfil de Mariane, duas postagens feitas no período de hospitalização permaneceram.
Lauren conheceu Mariane quando entrou no Colégio Fátima, em 2002 para cursar a 8ª série.
A relação entre as colegas de aula extrapolou os muros da escola e elas se tornaram amigas inseparáveis.
Elas estudavam e saíam juntas, uma frequentava a casa da outra, e foi assim até a formatura do Ensino Médio.
Depois disso, as amigas seguiram caminhos diferentes, mas nunca perderam o contato.
Se viam com menos frequência, mas não deixavam de se encontrar.
Fizeram cursinho pré-vestibular separadas e seguiram rumo às carreiras escolhidas: Mariane, Sistemas de Informação, e Lauren, Fisioterapia.
Quando combinavam o chimarrão, nas tardes de domingo, era Mariane quem fazia o bolo.
Nas jantas na casa da jovem, ela cozinhava.
Para Lauren, Mariane é exemplo de força e doação.
– O Brasil tem de saber da história dela. Não conheço nenhuma pessoa tão forte quanto ela. Todo o tempo que esteve no hospital se preocupava com os outros que iam visitá-la, se estavam se alimentando, dormindo... Ela se doava muito aos outros, fazia mimos para agradar as pessoas. Isso era muito característico nela. Às vezes, desabávamos, e ela, firme. Ela fica de exemplo para todos nós. Para que pais amem seus filhos e para que as pessoas não reclamem por qualquer coisa – disse a amiga, emocionada.
LIZIE ANTONELLO E MAURÍCIO ARAÚJO
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