quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ano zero do século zero...

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Não tenho nome nem sobrenome...

A terra é de todos...

Não tenho idéia de onde surgi...

Um velho chato fala que escutou uma explosão e foi expelido de sei lá onde com uma cobra falante enrolada no pescoço e uma maçã abaixo do rabo que foi confiscado na saída...

Vive amargurado nesta imensidão do nada povoada por lagartixas cascudas de 10 metros de altura...

Ninguém é dono de pedaço algum...

Oba!

Não tem IPTU...

Nem roda...

Não tem IPVA...

Oba!

Ninguém vai à escola...

Não há o que ensinar...

Oba! (diz meu filho adolescente)...

Todos somos analfabetos...

Vivemos contemplando imagens...

Mas existem alguns seres com caminhar parecidos com veados do serrado que ficam o dia inteiro botando pingos acima de algo que suponho um graveto esculpido nas paredes...

Adoro os contornos das montanhas...

O mar nem se fala...

E as curvas de uma aborígene ancuda que lembra uma fruta enorme que só dá no chão, malhada por fora, vermelha como fogo por dentro e ninguém consegue comer sozinho...

Acho que vou lhe dar o nome de Melancia...

Penso em lhe citar algo bonito que alguém já tenha dito...

Impossível...

O último conversa mole da tribo foi morto a bordunadas após ficar divagando sobre a lua, o comportamento das marés e descrevendo o comportamento dos outros pelados que nem ele...

Acho que vou ter que usar meu tacape e trazê-la para minha caverna arrastada pelos cabelos escova progressiva...

Tem outra que fica grunindo igual onça toda requebrativa...

Como babo quando ela solfeja...

Vamos em frente que atrás vêm dinossauros...

Todo sujeito de língua presa ou mentiroso que não raspa a barba ou o bigode com cascalho afiado na rocha da beira do riacho paranuá é servido no jantar do Piantello jurássico envolto em cenouras e marimbondos ao fogo brando...

É a lei natural de seleção das espécies...

Não podemos correr risco futuros...

Acho que estou criando o mundo perfeito...

Só falta eu me escolher um nome...

Se depois eu não gostar, troco...

Vá lá...




Jorge Schweitzer



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