sexta-feira, 29 de agosto de 2014
A primeira vez que a estudante de enfermagem puncionou uma veia
Aos sábados e domingos o Souza Aguiar serve de laboratório para estudantes de cursos de enfermagem exercitarem na prática seus conhecimentos...
Cada etapa é acompanhada por uma professora que não perde um detalhe sequer de cada tarefa monitorando o procedimento correto...
Banho em enfermos imobilizados; troca de roupas de cama; medição de pressão e glicose e curativos...
É muito bacana ficar assistindo estes jovens aplicados com as moças com seus coques bonitos e seus estetoscópios de várias cores...
Enquanto vão executando tarefas conversam com o paciente e só calam nos curativos...
Em enfermarias quase todos pacientes convalescentes possuem uma veia transfixada por agulha e dois pequenos canos plásticos permanentes onde são ministrados soro ou medicamentos na hora marcada...
Ocorre que, eventualmente, se perde esta veia e é necessário procurar outra veia para fazer o que eles chamam 'puncionar' de punção...
Enquanto eu era atendido por uma estudante chamada Ana Clara ela me contou que ela era a única da turma que não havia 'puncionado' paciente algum...
Na realidade, para treinamento, os estudantes furam a veia uns dos outros; e, como ela não permitiu ser perfurada também não teve contrapartida...
- Não seja por isto, Ana, eu posso ser teu cobaia!
Ela fica muito nervosa, quase sem acreditar:
- O senhor tem coragem?
A professora escuta a conversa e chama a turma inteira para acompanhar Ana Clara furar minha veia trocando do braço esquerdo para o direito aquela gambiarra que na ponta contém plásticos com orifícios azul e amarelo...
Ana Clara treme muito e pede que a professora a ajude segurando sua mão enquanto eu brinco que ela deve fazer tudo sozinha pois eu confio plenamente nela...
Ela consegue, fica radiante; brinco que a tremedeira da mão direita dela é ótima para tocar pandeiro...
Quando tudo acaba finjo que estou sentindo muita dor na mão puncionada só de zoação...
Por cima da agulha é colocado esparadrapo e com caneta esferográfica apontado hora, dia e nome da enfermeira; Ana Clara deixa seu autógrafo e me diz que jamais esquecerá de mim...
Tomara que não...
Jorge Schweitzer
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