Eco & Antigos

 

 

Não gosto de despedidas...

O automóvel da frente me mostra um plástico no parabrisa traseiro...

"Em caso de arrebatamento este carro ficará desgovernado"...

Abdução bíblica é para os outros...

Eu...

Quero sumir feito um padre de balão e ressurgir algum dia de dentro de alguma nuvem...

Melhor...

Quando eu reconhecer as lágrimas da despedida final quero retornar Brad Pitt como no Encontro Marcado...

Por um tempo quero que mesmo a morte seja mais um resto e tanto de vida...

Algo como Além da Eternidade onde volto só mais um pouco para refazer as pegadas...

Todos nós deixamos algum Hachino aguardando nossa volta na gare de alguma Shibuya no final do dia...

E...

Todos temos nossos tempos de solidão em que a sensação de pregarmos no deserto desacorçoa...

Na Rede vamos registrando nossa história e estendendo nosso ressoar parceiro para os que contam com o fio na nossa voz sem dono...

Doamos abraços à quem sequer solicitou mas necessita...

Abandonamos todos os medos e derramamos coragem à quem sequer entende estarmos juntos para o que der e vier...

A Internet proporcionou uma associação de indignados que surgem do nada e arriscam mostrar a cara e todas suas sílabas a perseguir demônios para logo após estampar uma mensagem de amor...

Agora...

Não nos basta somente arquivar na Rede o pretérito que tentamos mais que perfeito  sob todos riscos para melhorarmos o futuro do presente...

Quando desferimos em nosso peito um tiro virtual para sairmos da vida e entrarmos nos registros do google levamos de rondão a esperança dos que nos acompanham...

Por alguma razão alguns de nós escolhem um tempo de ação e depois vão embora...

Ontem assisti na tela acima da grade vazada do capô sobre o motor 1500 de um fusca Itamar uma mensagem de adeus...

Prefiro que seja somente um até breve...

Como em O Céu Pode Esperar...

Onde a equivocada falsa  despedida foi somente para voltar feito um Warren Beatty enfurecido...





Jorge Schweitzer