Após mobilizar redes sociais, casal confessa ter simulado sequestro
Casal ficou 18 dias em casa alugada na Rocinha, no Rio de Janeiro. Supostos sequestradores pediram resgate de R$ 10 mil.
Silvio Muniz
Do G1 Santos
O desaparecimento de um casal de jovens no dia 8 de julho em Santos, no litoral de São Paulo, mobilizou as redes sociais após a tia do rapaz divulgar uma foto dos namorados, pedindo informações.
Desde então, o caso foi investigado e tratado pela polícia como sequestro, mas nesta sexta-feira (26), o casal foi encontrado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, e confessou ter forjado tudo.
O caso foi apresentado pela Polícia Civil durante uma coletiva na tarde desta segunda-feira (29).
A ocorrência foi registrada no dia 8 de julho pela família, que estranhou a demora do contato do casal, que tinha saído para levar um computador no conserto.
Dois dias após o desaparecimento, as famílias dos jovens passaram a receber mensagens, dizendo que eles estavam sendo mantidos presos por alguém.
Os supostos sequestradores mandaram que nem a polícia nem a imprensa fossem avisadas.
Nas mensagens, diziam ainda que, se as fotos divulgadas em redes sociais não fossem retiradas do ar, o casal ficaria sem comer.
Na última sexta-feira, o casal, um menor de 17 anos e uma jovem de 20, ligou para a família dizendo que os sequestradores os haviam soltado, pedindo dinheiro para voltarem para a Baixada Santista.
A polícia do Rio de Janeiro foi acionada e os encontrou em Copacabana, de onde foram levados para a Delegacia Antissequestro da cidade.
Na delegacia, o casal disse que o sequestro tinha sido inventado para justificar uma fuga, motivada por uma ameaça que estariam recebendo de uma pessoa interessada na jovem.
O casal apresentava marcas roxas pelo corpo. Inicialmente, eles disseram que os hematomas haviam sido feitos pelos sequestradores, mas após confessarem a farsa, falaram que as marcas seriam chupões, feitas um no outro.
O casal disse à policia que ficou durante 18 dias em uma casa alugada por dois meses na comunidade da Rocinha, pela qual pagaram R$ 1.500.
A polícia investiga se outras pessoas estão envolvidas na farsa.
Segundo o delegado Fábio Szabo Guerra, da Divisão Antissequestro da Polícia Civil, as famílias receberam três ligações do suposto sequestrador, que pedia R$ 10 mil pelo resgate de cada um.
Em depoimento, o menor disse que as ligações foram feitas por um rapaz que eles conheceram em uma lan house no Rio de Janeiro.
Em troca do favor, o menor disse ter entregado para ele um tablet.
Segundo a polícia, apenas o primeiro nome do rapaz foi dito, porque o casal afirma que não o conhecem e não o viram mais.
O delegado disse ainda que, desde o começo das investigações, havia indícios de que não se tratava de sequestro.
"Mesmo com esses indícios, tratamos o caso como deveria ser até sexta-feira, quando eles entraram em contato com as famílias", explica.
O menor disse em depoimento que simulou um assalto dias antes do “'sequestro'”, quando teria sido obrigado por uma pessoa a retirar da conta do pai um valor que, segundo a polícia, pode ter sido usado para pagar o aluguel do imóvel na Rocinha.
"Pode ter sido uma brincadeira, mas mobilizou toda a polícia, tirando a atenção de outros casos", diz o delegado.
Segundo Aldo Galiano Junior, diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo e Interior (Deinter-6), a investigação está bem adiantada, mas ainda há algumas questões a serem apuradas.
"Eles cometeram muitos erros primários, mas algumas coisas precisam ser respondidas e os envolvidos deverão receber as punições que lhes cabem. A polícia vai apurar se houve premeditação do crime, uma vez que eles já chegaram no Rio de Janeiro com a casa alugada", relata.
O casal responderá inicialmente por falsa comunicação de crime.
O menor será apresentado na Vara da Infância e Juventude, onde poderá ficar recolhido.
Segundo o delegado Fábio Szabo, caso seja comprovado o envolvimento de mais de quatro pessoas no caso, todos responderão por formação de quadrilha.
O casal também poderá responder por estelionato, já que houve tentativa de tirar dinheiro das famílias e nenhum dos envolvidos passou por perigo.
As investigações tiveram a participação da Polícia Civil de Santos e Rio de Janeiro e da Polícia Federal.
A polícia alerta ainda para os casos de simulação de crime.
"Todos os casos de falso sequestro que passaram pela delegacia foram esclarecidos e os envolvidos estão respondendo pelo crime"”, conclui Fábio.
PS: Pois é... No sábado, 20h 10min, recebi recado que o casal havia sido encontrado sem entrar em pormenores, não reproduzi em destaque por estar aguardando mais detalhes:
Se possível, envie...
Abraço,
JS