sábado, 2 de novembro de 2013

A Lei da Consequência: Pedi e dar-se-vos-á...



 
 



Tive meu carro rebocado...

Foi na sexta feira retrasada...

Apanhei uma senhora idosa de muleta de alumínio na UPA da Praça Saenz Pena...

Mesmo com minha ajuda teve dificuldades para entrar no carro, reclamando de dores...

Foi me contando no caminho que mora sozinha e sentia até medo de chegar em casa já que seu prédio não tem elevador...

- Sem problemas, senhora, eu a acompanho até sua porta...

Como não haviam vagas para estacionar na rua, arrisquei deixar o carro com as duas rodas sobre a calçada com o pisca alerta ligado...

Entramos no prédio...

Na realidade era uma casa de cômodos antiga e minha passageira ocupa um quartinho no final de um caracol imenso de escadaria de madeira...

A cada degrau ela parava para recuperar-se e continuar...

Durou uma eternidade mas finalmente chegamos na sua porta...

Ela insiste para que eu tome um cafezinho já pronto em uma garrafa térmica acima da mesa ao lado do fogão...

Fiquei até com vergonha de cobrar a corrida e utilizei uma estratégia:

- Senhora, deixa eu ir lá embaixo para ver se o carro está ok e volto para a senhora me pagar e eu tomar o café...

Lógico, eu não voltaria mais...

Me senti o ótimo samaritano acudindo passageiros entre Holon e Nablus com um Pentateuco debaixo do braço...

Imaginei uma horda de  alados arcanjos com suas trombetas me saudando...

Levitava descendo degraus de dois em dois com um pouco de culpa por estar enganando uma velhinha que me aguardaria em vão  com seu café, muito embora teria o bônus de não necessitar pagar a corrida...

Daí...

De repente...

Não mais do que de repente...

Aconteceu...

Com o coração aos pulos, escutei o alarme do meu carro disparar...

Imaginei...

Não seria possível...

O Deus que todos juram  existir não poderia ser tão cruel...

Mas...

Foi...

Meu carro já estava alçado acima daquele gancho da carreta de reboque da maldita Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro...

Meu táxi gritava o alarme como um pranto da minha indignação...

Me aproximei a desarmei o choro alarme do meu parceiro de lata...

Conversei com o Guarda Municipal e o reboquista...

Não tive coragem de dizer o que fui fazer...

Eles não acreditariam...

Preferi dizer que fui no banheiro do bar pois estava apertado...

Umas vinte pessoas cercaram a cena pois uma informou aos outros o que eu fui fazer...

Virou um fuzuê...

Não adiantaria...

Existe câmera na rabeta que filma o guincho e se o carro for liberado o responsável reboque é acusado de envolvimento com propina...

Me informaram que o carro seria conduzido à Rua Benedito Hipólito, atrás do Sambódromo...

Fui até lá...

Descobri que funciona sábado e domingo também, das 8 as 17 horas...

Eu pagaria R$ 188,00 e teria o carro liberado...

No dia seguinte, já estava eu...

Putz, desgraça desacompanhada é bobagem...

O sistema indicava que meu carro não estava no pátio, embora eu o tivesse visto logo na entrada...

Por alguma razão eu e outro senhor ficamos travados pela informática do Detran...

Viramos amigos...

A cada 2 minutos nos revezávamos até o balcão para pressionarmos funcionários com todo cuidado para não melindrar-los e sofrermos retaliação...

Todos outros rebocados eram liberados...

Somente por curiosidade, a jogadora de vôlei Fofão também estava lá acompanhada por seu técnico e parece que o carro rebocado dela também teve problema para liberação e se ela encontrar esta postagem pode até aproveitar para nos contar...

Agora, engraçado, o chefe do Posto sabia que eu tinha sido rebocado ao ajudar uma idosa e estava realmente constrangido...

Esperamos entre 8 da manhã e meio dia até que alguém resolveu driblar a falha do sistema acionando pelo número do chassis e não pela placa...

Bingo!

Acabou-se o sofrimento...

Consegui pagar a taxa numa lotérica e aproveitei para fazer uma aposta na Megasena, que não acertei, lógico...

E lembrei de um causo:

Um menino vê um cachorro fazendo saliência engatado numa cadela:

- Pai, o que é aquilo?
- Filho, o cachorro de cima está com a patinha machucada e o debaixo resolveu ajudá-lo carregando em suas costas...
- Ah, tá!... É como eu escutei vovó falando pra vizinha: quem tenta ajudar os outros acaba sempre tomando no c.u. ...

Fecha o pano!




Jorge Schweitzer












4 comentários:

  1. Epa...isso está na sua biografia lá em cima. deixa quieto e não desanime.Passei por algo parecido há pouco tempo. Era festa da padroeira da cidade, fui a missa e posterior coroação da santa...isso levou umas 3 horas. Ao chegar no meu carro avistei uma aglomeração e "puliça" cheguei e meu carro estava pegando fogo por dentro..quer dizer ja tinha queimado tudo ..teto ..bancos.para brisa lascado... "eu sentei e chorei "ja tinham apagado o fogo.Olhei pra imagem da santa de longe; e pensei "putz" o policial me consolou dizendo.." liga não moça.. hoje em dia eles queimam gente"Resumo o ladrão tentou roubar o carro ..não conseguiu fez a gentileza de queima-lo.. Fiquei alí pensando em ligar para o guincho..olhei de novo pra santa...arrumei um pano limpei o vidro preto de fuligem...sentei no arame..destravei o "freio carneiro" liguei o bicho...ele funcionou;rsrs. Agradeci a santa e fui embora...cheguei em casa parecendo que estava numa carvoeira e ri demais quando olhei no espelho.Hoje ele está aqui garboso e chique. Arrumei tudo. Mas ainda não entendi a dinamica da santa.Serà que era pra eu virar churrasquinho? Lucia.

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  2. Veja o lado bom das coisas, pelo menos a prefeitura fará bom uso dos R$ 188,00.
    Abração Jorge.

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  3. mas nem que mulher desse testemundo de que vc á ajudou, eles não iam perdoar, o estado só quer comer as nossas custas.

    industria de multas, não querem saber se vc parou ali por uma nobre causa..

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  4. Jorge, vc não está recebendo o q escrevo? Já escrevi un dois comentários que não apareceram!

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