segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um mouse, um teclado e a verdade...





Postado no Táxi em Movimento:



SÁBADO, 12 DE FEVEREIRO DE 2011

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A revolução do Egito começou na Internet...

Até então...

O Egito era uma tranquila comunidade subverniente fomentada pelos interesses dos EUA e Israel que enfiavam dinheiro e armamento como braço armado a botar medo no Irã dos Aitolás, na Síria e no Hezbollah...

Tal o xá Reza Pahlevi no Irã de outrora, o 'dono' do Egito atende pelo nome de Osni Mubarak e igualmente desviava recursos ianques para sua conta pessoal na Suiça - supõe-se que Mubarak tenha 50 bilhões de dólares em dinheiro vivo - e adquiria mansão de prédio inteiro numa esquina de Londres para provável fuga quando esmerdasse a situação...

Com uma legião de egípcios sobrevivendo abaixo da linha da miséria por entre camelos, turistas, pirâmides e tempestades de areia ocorreu o previsível...

Chegou-se ao limite da tolerância...

Wael Ghonim acendeu o estopim...

Wael Ghonim ganhou notoriedade ao mobilizar milhares de pessoas com a criação de uma comunidade no Facebook em homenagem a Khaled Said, um jovem assassinado no ano passado por policiais da cidade de Alexandria após se recusar a dar propina aos agentes...

Ghonim fez ainda um tributo emocionado na Rede as vítimas fatais dos protestos do Cairo, que segundo a ONU e ONGs de defesa dos direitos humanos já teriam chegado a 300 mortos...

Ghonim foi preso durante 12 dias onde permaneceu algemado e vendado...

A revolta para depor Mubarak se multiplicou de forma avalassaladora com mais de 1 milhão de pessoas dispostas a ir a luta e fazer a hora na Praça Tahir...

Mubarak recuou libertando Wael Ghonim temendo que sua prisão o transformasse num símbolo da causa...

Piorou o que já estava péssimo...

Wael Ghonim já havia se tornado inédito herói nacional armado somente com o teclado de seu computador...

No dia em que Wael Ghonim foi libertado, na última segunda feira, 130 mil pessoas entraram em sua página defendendo sua eleição informal como o 'porta voz' do levante...

Enquanto os manifestantes ainda enfrentavam as tropas com pedras no Cairo e os tanques a recuarem, Wael Ghonim discursou na Praça Tahir emocionando a multidão em delírio:

- Este país é nosso país. Todos temos direito a uma voz. Não vamos abandonar nossa reinvindicação que é a saída do regime. Não sou um herói. Heróis são os que foram martirizados.

Wael Ghonim até então jamais falara a não mais do que dez pessoas reunidas em algum aniversário familiar...

A contragosto Wael Ghonim foi colocado no centro da revolta e o destino não lhe permitiu recuar apesar de orador improvisado e necessário olhando tremulo a multidão a sua frente...

A nova era cibernética ampliada transfigurou a lógica do Poder...

Poderosos indevidamente emplumados que duvidarem da força da Internet tomarão um choque de realidade realçado por um assombroso bafo da turba ao serem escorraçados em direção a algum refúgio...

A Internet é o quinto poder imbatível quando ressoa a verdade com fidelidade irretocável e o retumbar correto no eco da indignação coletiva...

Nada mais será como antes...

Nem contamos mais necessariamente com o luxuoso auxílio da ONU ou OEA cooptados sistematicamente por interesses escusos a se chafurdarem no tremedal da permissividade do spirit corpus enlameado...

Só nos basta um mouse, um teclado e a verdade...

Somos capazes de todas revoluções...

Daqui prá frente seremos os senhores de todas as guerras inglórias...

A cada ocasião que o Poder Legislatvo, Executivo ou Judiciário de qualquer sigla, bandeira ou facção se propugnar maquiar crimes contra a dignidade humana haverá pelo menos um novo Wael Ghonim para lhes enfiar o dedo na fuça...

Duvidam?

Melhor não!




Jorge Schweitzer







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