quinta-feira, 22 de julho de 2010

A obra da W.Torres da Rua da Relação e maldição da Vovó Maria Conga...

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Sabem aquele buracão colossal onde existe aquela obra gigantesca ali quase ao lado da Secretaria de Segurança, na Rua da Relação, no centro velho do Rio de Janeiro?

Aquele que as fundações abalaram prédios em volta; incluindo a Igreja Santo Antônio dos Pobres, que tem rachadura no piso que vai da escadaria da entrada até o altar mor?

Pois é...

Durante décadas persistiu a lenda que o terreno pertenceria ao Silvio Santos...

Nem sei se verdade...

O certo é que a W.Torres adquiriu todas lojas em torno, incluindo aquelas que fabricavam recipientes de vidro de todos formatos...

Todas...

Até aquele espaço tombado que só conserva paredes, denominado 'Depósito dos Burros' (no quadrilátero Inválidos, Gomes Freire, Relação e Rua do Senado)...

Diz-se que o antigo proprietário seria a canadense Light que ao se instalar por aqui tinha como intenção empresarial explorar os bondes elétricos e, para isto, desativou o sistema de tração animal que ficaram confinados naquele local...

Pode ser, pode não ser...

Taí, alguém poderia checar e me informar...

Mas...

Certo é que a W.Torres se dispôs à construção com garantia contratual que a Petrobrás pagaria aluguel durante 17 anos pelo imóvel acabado...

Engraçado como a Petrobrás infla sua folha salarial - e já não tem mais onde colocar tantos funcionários burocráticos (certamente mais do que operacionais em plataformas de prospecção) - e despreza que desastres como do Golfo do México e da China podem conduzir esta multidão toda ao desemprego em massa depois que o manah negro se transformar em lodo marítimo...

'Zimbora', 1, 2, 3...

De posse no documento a W.Torres passou a procurar parcerias...

O Banco Itaú é um desses parceiros, entre outros vários como fundos de pensão...

Um negócio bacana sem necessidade de enfiar a mão no próprio bolso...

Uma engenharia financeira terceirizando aporte financeiro...

Bacana, né?

Não!

As pessoas que tiveram seus imóveis abalados continuam sem condições de voltar prá casa...

Eu também não dormiria uma noite inteira dentro de apartamento prestes a desmoronar...

Com tanta grana envolvida na arquitetura fica incompreensível não tentar acordo com indenização decente com o pessoal prejudicado pelo treme-treme bate-estaca...

Pô, ô cacete!

Compra o prédio inteiro, desocupa e dá imóvel equivalente ao pessoal prejudicado...

Normalmente, construtoras arcam com contratempos deste tipo...

Querem exemplo?

Diversos postos de gasolinas - em endereços nobres de Ipanema ao Leblon - foram desativados e aquiridos por incorporadoras...

Para que alguma construção seja possível em local poluído é necessário tratamento de impermeabilização do solo que custa em média 5 milhões de reais...

Necessário escavar retirando o solo contaminado em profundidade; desfazer-se da terra condenada, em aterro apropriado; cimentar e cobrir com outra terra de boa qualidade...

Pôs bueno...

A W. Torres teve certa facilidade em desocupar todos imóveis da redondeza...

Foi vapt-vupt...

Menos um...

Trata-se daquele prédio antigo que fica na esquina da Rua da Relação com Inválidos onde atualmente funciona escritórios da construção...

Retiram a papelaria, os sem teto e um depósito de papelão...

Sobrou somente uma cartomante...

A Vovó Maria Conga...

Conheci pessoalmente a Vovó Maria Conga e a entrevistei numa brincadeira - que ela me permitiu - numa zoação em que imaginava fazer um paralelo entre seus poderes de então e a vaia ao Lula no Maracanã, além do Brasil haver goleado a Argentina na mesma semana...

Acabou que ela conduziu a brincadeira e o bate-papo ficou incompreensível...

Voltando à atualidade:

Durante meses Vovó Vonga suportou toda sorte de barulhada e tremeliques estruturais sem abandonar sua residência depois do início da obra...

Todo dia eu passava por lá para conferir sua resistência tal uma habitante de Massada ou Leningrado...

Estaca afundava e Vovó Conga permanecia com seus algodões nos ouvidos entre rezas e benzeduras...

Quando começaram as rachaduras nos prédios em volta, pensei em novamente entrevistar a Vovó Conga...

Cheguei na sua porta...

Já não mais exibia o cartaz improvisado de 'jogo de búzios' em caligrafia torta...

Apenas um antigo guarda-sol furado na sacada e uma boneca enigmática sacada de algum lixo...

Vovó Conga sumiu...

Não sei mais para onde indicar seus préstimos curandeiros...

Tomara que tenha sido devidamente indenizada...

Tomara...

Algo me leva crer que foi-se sem tempo de levar junto seu congá que filmei tempos atrás...

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay....

Cruz credo!

Se W.Torre eu fosse, convocaria a velhinha Conga para dar um banho de arruda e sal grosso na obra...

Conga, Conga, Conga!

Saravá!




Jorge Schweitzer



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