segunda-feira, 2 de junho de 2014

A Festa 'Satânica' da UFF de Rio das Ostras






Festa 'satânica' da UFF terá ato de apoio

No evento da semana passada, no campus Rio das Ostras, estudantes ficaram nus e uma mulher teve a vagina costurada

O Globo

RIO - Alunos do curso de Produção Cultural da UFF, em Rio das Ostras, irão realizar um debate para discutir a repercussão da festa "Xereca Satânica" na próxima quarta-feira (04). O evento causou polêmica na semana passada, quando alunos reuniram-se no campus da universidade para realizar performances ligadas a seminários da disciplina "Corpo e Resistência". Alguns ficaram nus, e uma mulher chegou a ter a vagina costurada.

Os estudantes prometem realizar um ato em defesa da performance. Na página do evento no Facebook, é dito que "reações de censura às performances no Xereca Satânica evidenciaram o quão conservador, hipócrita, moralista e legalista é o mundo ao nosso redor. Um mundo que precisa ser abalado em suas estruturas para acabar com todas as formas de opressão e exploração. Estamos apenas no começo!".

O evento vai além das barreiras culturais, e declara apoio a outros movimentos sociais, como o "Não vai ter Copa" e "Marcha das Vadias" e "Marcha das Maconha". Uma das participantes da festa, Raíssa Vitral, foi a mesma que teve a genitália costurada. Ela é a mesma que introduziu a imagem de uma santa na vagina em uma missa celebrada no ano passado pelo Papa Francisco em Copacabana, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Raíssa faz parte do Coletivo Coiote, grupo de Minas Gerais especializado em fazer performances corporais como a da missa celebrada por Francisco. Os artistas também participaram do evento realizado na UFF.

O GLOBO tentou entrar em contato com Raíssa, mas não obteve retorno.

Coordenador do curso defende festa

O chefe do departamento de Produção Cultural da UFF, em Rio das Ostras, Daniel Caetano, afirmou neste domingo (01) que críticas ao evento são uma forma de censura. Em sua página no Facebook, Caetano disse que a festa "Xereca Satânica" tinha o objetivo de denunciar estupros e outras formas de violência à mulher na cidade, e que quem fosse contra, estaria automaticamente sendo conivente com os crimes.

O coordenador lamentou ainda críticas ao evento, que seriam veiculadas pela "imprensa marrom":

"Infelizmente, há pessoas que acreditam que o mundo deve ser moldado à sua imagem e semelhança, sem permitir qualquer espécie de desvio do padrão ou mesmo qualquer espécie de afronta à sua sensibilidade confortável, conformista e preguiçosa", disse Caetano em seu perfil no Facebook.


O coordenador afirmou ainda contar com a compreensão do reitor Roberto Salles e com o prefeito de Rio das Ostas, Alcebiades Sabino. Para Caetano, a autoridade pública que for contra o "Xereca Satânica" estaria automaticamente sendo conivente com estupros e outros crimes na cidade.

"(...) qualquer pessoa em cargo público que porventura se posicionar contra a performance será por nós inquirida acerca de suas atitudes prévias contra os estupros em Rio das Ostras", afirmou o coordenador na rede social.

Após o evento, a reitoria da UFF informou que vai investigar a festa realizada no campus de Rio das Ostras.

Para a professora de Jornalismo do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) da UFF de Niterói, Sylvia Moretzshon, a universidade não deveria ter permitido o evento. Segundo ela, a instituição tinha que selecionar melhor o que abrigar como produção cultural no campus. O discurso utilizado pelos alunos, segundo ela, daria margem para atitudes extremadas:

- Acho que estamos vivendo tempos meio confusos, com a derivação das manifestações de junho para atividades pirotécnicas. Acho que a universidade não deveria abrigar esse tipo de performance. Eles acham que qualquer performance é válida porque a liberdade é infinita, mas nenhum direito é absoluto, nem a liberdade. Racismo está aí para provar isso, é crime inafiançável. E minha liberdade de matar os outros? Os nazistas faziam performances fantásticas. Daqui a pouco podem abordar o assassinato como belas-artes. E aí?

No final do ano passado, Moretzshon foi alvo de críticas por parte de alunos da UFF ao criticar a atitude de um cantor de hip hop que teria sido convidado para fazer uma apresentação no prédio do IACS, em Niterói. Na ocasião, o artista teria hostilizado um funcionário da universidade que não teria gostado da apresentação no campus.

- Escrevi na internet criticando o cantor, e logo fui hostilizada nas redes sociais. Até tirei o texto do ar. As pessoas acham que o melhor defesa é o ataque, então a menor crítica já é uma ofensa. Foi o que esse chefe do departamento de Rio das Ostras fez. É difícil fazer crítica nesse ambiente. A pessoa já te vincula a tudo que há de ruim no país.





PS: Pô, na boa, se tem alguém achando um troço destes normal eu não sei mais o que é anormal...  Êta bagulho estranhão... Considerar performance costurar uma vagina é meio barra pesada... JS




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