sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sidney Simão, policial do Bope e segurança do Afro Reggae, assassinado em Nova Iguaçu RJ





'O assassino não teve piedade e atirou a sangue frio', diz delegado da DH 

Morte de policial do Bope foi incitada por jovem de 19 anos que afirmou que vítima estava tentando lhe assaltar 


DIEGO VALDEVINO 


Rio - "Mata, mata, eles estão querendo me roubar. Não é policial nada", foram essas palavras que contribuíram para a morte do policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Sidney Simão, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na manhã do último domingo. 

De acordo com o delegado Pedro Medina, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), o assassino de Simão se entregou nesta sexta-feira após os policiais terem ido a nove endereços em vários pontos do Rio. 

Segundo Medina, Aníbal João Valente Júnior, estava escondido em um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e só se entregou porque viu o cerco fechando sobre ele. 

Ainda de acordo com o delegado, Aníbal efetuou cinco disparos contra o PM. Lucas de Souza Cândido, de 19 anos, e Peterson Pereira de Souza, de 36, outros dois envolvidos na morte do policial, estão foragidos. 

Dinâmica do crime 

De acordo com relatos, Lucas havia atropelado um idoso e não parou para prestar socorro. 

O policial viu a cena e o perseguiu até um posto de gasolina, exigindo que Lucas prestasse socorro. 

Aníbal estava no local junto com Peterson, quando viu o jovem sendo abordado pelo policial do Bope. 

Segundo Medina, Lucas é amigo do filho do assassino. 

O delegado afirmou que Aníbal apontou a arma para Sidney, que teria se identificado como policial do Bope. 

Mesmo a vítima se apresentando, Lucas incitou que Aníbal matasse o PM. 

Após efetuar os disparos, Aníbal pegou a arma da vítima e Peterson roubou o dinheiro que estava na carteira. 

Em seguida, Peterson tentou se livrar do objeto. 

Dos cinco disparos efetuados, um atingiu um poste e por pouco não acertou um padeiro que também perseguia Lucas para que ele prestasse o devido socorro à pessoa atropelada. 

"Mesmo o policial se identificando, o Aníbal não teve piedade e atirou a sangue frio. 

O Lucas é co-autor e influenciou o Aníbal a atirar", disse Pedro Medina. 

Anibal responderá pelo crime de homicídio qualificado, em relação a Sidnei, e homicídio tentado, em relação ao funcionário da padaria. 

Lucas e Peterson, que estão sendo procurados, responderão por participação no homicídio. 

Anibal e Peterson responderão, ainda, por furto qualificado. 

'Meu irmão foi morto porque foi confundido com um ladrão' 

O irmão da vítima, o locutor Flávio Simão, de 41 anos, afirmou que a ex-esposa de Aníbal foi até a delegacia e pediu perdão à família do policial morto. 

"Ela se ajoelhou e me pediu perdão. Disse que não era a intenção do ex-marido. Ela afirma que ele agiu de cabeça quente. Aceitei o perdão dela, mas não do Aníbal, que executou meu irmão primeiro, para depois perguntar se ele era policial". 

Muito abalado, Flávio acrescentou: 

"Meu irmão foi morto porque foi confundido com um ladrão e também por ser negro, estamos arrasados". 

José Júnior divulga carta sobre a morte de seu segurança 

Ainda abalado pela morte do seu segurança e amigo, José Junior, coordenador da ONG do AfroReggae, divulgou um texto que expressa a dor deste momento que está vivendo. 

Confira na íntegra: 

"Choro por um cara do Bope 

Já chorei pela perda de muitas pessoas: parentes, amigos, artistas, ídolos, pessoas que nunca vi, mas nunca antes chorei por um policial do Bope. Muito abalado, Descobri que as lágrimas e a dor são as mesmas. O vácuo que fica é igual ao de qualquer pessoa que parte e deixa saudades. Engraçado que as pessoas parecem achar normal um cara, por se vestir de preto, ser morto. É como se fosse normal elas terem uma certa insensibilidade. Talvez eu também achasse, há dez anos, mas, nesses últimos cinco dias, a nossa instituição, nossa equipe de segurança e a Core estamos muito entristecidos. Devo ressaltar que todos, inclusive aqueles que foram da "vida errada", estão arrasados com a perda do nosso amigo e irmão. Simão, ou melhor, Neném - como a sua mãe gosta de chamá-lo - era um excepcional filho/irmão/pai/noivo/amigo/policial e o último item era segurança do "José Junior". Não vamos dar valor a esse item, porque ele era muito mais do que meu segurança. As imagens que eu vi, e que provavelmente serão divulgadas, são de uma covardia e maldade absurdas. O que fizeram ao Cabo Sidnei Dias Simão irá chocar aqueles que amam o próximo e respeitam os Direitos Humanos. Nosso amigo rastejou pra viver. Ele morreu na sua hora de folga, para ajudar um idoso. Simão, para mim, é um herói! Um cara inesquecível que vou carregar para o resto da minha vida como Vladmir, Bigu, Evandro, Rafael e tantos outros. Quem diria que um dia “o cara" do AfroReggae iria chorar por um caveira. Pois é, esse dia chegou há cinco dias, e desde então ele não para de chorar. As crianças mais novas perguntaram por você e eu disse que agora você estava cuidando da gente lá do céu. Do amigo de hoje e sempre, José Junior."





PS: Certa vez apanhei o José Junior, do AfroReggae, no meu táxi... Ele, junto com 3 seguranças haviam acabado de participar de um encontro no Quartel General da PM na Rua Evaristo da Veiga... Chovia... Um deles fez sinal, na Rua Senador Dantas, e depois Junior foi colocado no táxi... José Junior ficou ao meu lado no banco do carona e os três seguranças no banco de trás... Estavam tensos até pegarmos o Aterro do Flamengo... Fomos conversando o tempo todo até o final da Rua Alberto de Campos que dá acesso ao Cantagalo em Ipanema... Chovia, reclamaram que taxistas passavam direto depois de avistá-los todos juntos e resolveram se espalhar, acreditam que funcionou... Que nada... Contei a eles que reconheci o José Junior de longe e parei... Não sei se este segurança que foi morto domingo passado estava no carro... Lembro que eles riam muito das minhas intervenções até que resolvemos falar coisas mais sérias... Contei que possuo um blog... Narrei das nossas lutas e percalços... Não sei ao certo se acreditaram de nossas dificuldades de ampliar nossa indignação por covardias que a grande mídia finge ignorar... Sem problemas, a gente segue em frente... JS





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