Quando eu morrer...

Nesta semana fui convidado a fazer um raio de exame de fundo de olho que detecta ei lá o quê dentro do meu crânio...

O médico do SUS me desafiou que recomendaria mas quase possibilidade zero que me chamassem para fazer as imagens...

Só para aceitar o desafio pedi que ele aviasse...

O doutor não me conhece...

Consigo quase tudo...

Menos os seis números da megasena...

Daí, então...

Recebi telefonema para me apresentar...

Ainda não decidi...

Provável que eu não faça...

Não quero ser surpreendido que estou com os dias contados, já que não estou...

Seria desastroso para todos meus planos de médio e longo prazo...

Ainda quero ver muita coisa acontecer em volta...

Se não for possível, paciência...

Tô nem aí...

Quando vejo idosos já sem controle de seus destinos, vontades e serem tratados com desdém por seus próximos me angustia...

Não fui adestrado para o descaso...

Não planejo ficar recontando histórias de outrora  sem poder conduzir uma grandiosa nova rebelião...

Na verdade, deixa eu confessar, sou highlander...

Jamais vou morrer...

Nunca...

Mas, vá lá que ocorra, nunca se sabe...

Já contratei trinta carpideiras vorazes para se desesperarem de mentira...

Quero um grande evento na partida...

Tipo 'Encontro Marcado'...

Com direito a fogos iluminando céus e retreta barulhenta na praça...

Subirei às alturas em carruagens de fogo enviando uma homérica banana aos meus inimigos...

Para voltar pior ainda na próxima...

Me aguardem...




Jorge Schweitzer