PMs do Rio são condenados pela morte do menino Juan Moraes
Edilberto Nascimento foi condenado a 66 anos de prisão. Isaias Souza e Rubens da Silva pegaram 36 anos; e Ubirani Soares, 32.
Do G1
Quatro policiais militares foram condenados nesta sexta-feira (13) pelas mortes, em 2011, do menino Juan Moraes e do adolescente Igor Souza Afonso.
As vítimas, na época com 11 e 17 anos, respectivamente, morreram em uma operação policial na Favela Danon, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
Edilberto Barros do Nascimento pegou 66 anos de prisão pelas mortes de Juan e Igor.
Isaias Souza do Carmo e Rubens da Silva foram condenados a 36 anos; e Ubirani Soares, a 32 anos de cadeia, pelo assassinato do menino.
Os quatro foram acusados de homicídios dolosos qualificados (com intenção de matar, motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas), além de duas tentativas de homicídio doloso, também duplamente qualificado, contra Wesley Felipe Moares da Silva e Wanderson dos Santos de Assis.
A sentença foi lida na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A defesa dos réus informou que vai recorrer. Juan desapareceu no dia 20 de junho 2011, logo após um confronto entre policiais militares do 20º BPM (Mesquita) e traficantes da Favela Danon, onde o menino morava.
O corpo do garoto apareceu dez dias depois, às margens do Rio Botas, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Os quatro PMs envolvidos estão presos no Batalhão Especial Prisional (BEP).
Na noite do dia 20 de junho de 2011, Juan vinha da casa de um amigo com o irmão, Wesley, de 14 anos, quando foi atingido durante um confronto na comunidade.
O irmão e outro jovem, Wanderson, de 19 anos, também ficaram feridos.
Os PMs Isaías Souza do Carmo, Edilberto Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva foram acusados pelo crime.
Eles alegaram que houve uma troca de tiros com traficantes da região, que teriam ocultado o cadáver do menino.
O Ministério Público nega esta versão.
Ao todo foram convocadas 35 testemunhas, de defesa e acusação.
Entre elas estava o delegado Ricardo Barbosa, responsável pela conclusão das investigações do caso.
Ele disse que a perícia constatou que não houve confronto entre PMs e traficantes na comunidade Danon, em Nova Iguaçu.
Na época do crime o delegado afirmou que o menino foi baleado por policiais militares.
O delegado foi ouvido como testemunha de acusação.
O júri também ouviu o depoimento do delegado Cláudio Nascimento, que iniciou as investigações.
Ele disse não acreditar que os traficantes tenham ocultado o corpo do menino.
O perito que examinou a ossada de Juan revelou no tribunal os detalhes da atuação do tráfico na comunidade.
O advogado Edson Ferreira de Lima, que defendeu os PMs Isaias Souza do Carmo e Ubirani Soares, afirmou que "não há qualquer dúvida de inocência plena".
"Houve um confronto policial. Não há elemento contundente. Os depoimentos do plenário mostrarão elementos fortes para a defesa. E o depoimento da perita [Marilena Campos], que foi a primeira pessoa a ter contato com o corpo e é uma especialista na medicina, foi fundamental", garantiu o advogado.
Já advogado do PM Rubens da Silva, Marco Antonio Gouvea de Faria, afirmou em sua defesa que o PM "não estava no local" no dia em que o menino foi morto.
"Ele não estava lá. Foi inclusive dispensado da reconstituição do crime, pelo delegado. Ele não participou de nada. Foi citado que ele estava na viatura em Madureira. Nos autos não tem nada que diga que Rubens participou de algo".
A acusação, feita pelo promotor de justiça Sérgio Ricardo Fonseca, confrontou a versão dos PMs.
"A linha de acusação é confrontar a versão dos policiais de que teriam avistado traficantes armados que dispararam contra eles e eles revidaram", afirmou Fonseca.
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