quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Facebook, um trem para lugar algum







Viramos autômatos arregimentados pelo Facebook...

Somos mecânicos...

Nossos sentimentos agora são crus e falsos...

O que jamais teríamos coragem de dizer cara a cara agora o conforto do teclado proporciona arremessar sem medo...

Nossas paixões declaradas a distância se transformam em ódio com a mesma velocidade da aproximação...

Trocamos de parceiros virtuais como jamais descartaríamos um amigo real de verdade por uma frase em falso...

Criou-se a nova era onde a humanidade dependente de alguém que não possui físico que não abstrato...

Não necessitamos mais da paciência para ouvir uma única pessoa com milhares de adicionados disponíveis para trocarmos mensagens durante noites insones...

Menos vale um aperto de mão do que uma cutucada idiota com uma mãozinha mecânica no canto da tela...

Sempre brinco que alguém só me amará para sempre quando me escutar atenta com meu lenço vermelho no pescoço  aquecendo a mão no chimarrão debaixo de um cinamomo, com uma costela na brasa trocando uma gargalhada de uma piada boba...

Não temos mais amigos de verdade...

Possuímos adicionados de ocasião que irão trocando as páginas de suas vidas até virarem a definitiva...

Ainda bem que inventou-se o carro com rodinhas altas para transportar nosso caixão até a tumba...

Entre seus 900 amigos do Facebook provável que não sobrem seis para segurar na sua alça final...

Estarão ocupados postando  fotos de íris com lágrimas e outros louvores se aproveitando de sua partida...

E aguardando sua próxima despedida sem companhia...

Assim caminha...




Jorge Schweitzer










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