Marcelo Gomes
Extra
O juiz Jorge Luiz Le Cocq d’Oliveira, do 2º Tribunal do Júri, condenou Silvio da Costa Silva, de 44 anos, a 24 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de homicídio, tortura, cárcere privado e tentativa de ocultação do cadáver de Suzana Silva Magalhães, morta em 27 de abril de 2009, em Todos os Santos, na Zona Norte do Rio. A vítima, então com 20 anos, era sobrinha de Silvio.
Na sentença, o magistrado escreveu que o réu "obrou com dolo intenso, sendo por demais elevado o grau de sua culpabilidade, na medida em que se tratava de tio da vítima, uma jovem indefesa, covardemente humilhada e que sofreu brutalmente nas mãos do acusado. Revelou personalidade distorcida e inadaptada à vida em sociedade, não considerando sequer que aquela pobre moça lhe tinha laços de sangue".
O juiz disse ainda que "a simples leitura dos fatos delituosos, narrados nos autos e hoje reconhecidos pelo júri, já causa repulsa e indignação, sendo difícil acreditar que tudo isso foi obra de seres humanos. As circunstâncias dos quatro delitos são altamente desfavoráveis. No homicídio e na tortura, houve sadismo e desmesurada violência. No cárcere privado, não se pode olvidar as degradantes condições impostas e o longo tempo em que a liberdade foi confiscada. Na ocultação de cadáver, cabe lembrar que houve até contratação de terceiros, já que, para ele a outros, a infeliz ofendida não poderia sequer ter a dignidade de um sepultamento".
Mãe e tia da vítima ainda vão a júri
Silvio não poderá recorrer da sentença em liberdade. Pai de Suzana, Claudio Wanderley Magalhães comemorou o veredicto, que foi lido na madrugada do último dia 12.
— A condenação dos acusados não vai trazer a minha filha de volta. Mas é sempre bom ver a justiça sendo feita, ainda mais num país com tanta impunidade.
Cláudio, a irmã gêmea de Suzana, Ana Paula, e o delegado que investigou o caso, Márcio Esteves, foram ouvidos como testemunhas de acusação. O júri teve início às 14h do dia 11 e terminou por volta de 1h45m do dia seguinte.
Ainda não há data marcada para o julgamento das outras duas acusadas de envolvimento na tortura e morte de Suzana: Maria Glória Silva Magalhães, de 46 anos, mãe da vítima; e Vera Regina da Rocha César, de 47, mulher de Silvio.
Apenas Glória continua na cadeia. Vera conseguiu na Justiça o direito de ficar em prisão domiciliar devido a problemas de saúde.
Homicídio foi descoberto por acaso
A morte de Suzana começou a ser desvendada em 29 de abril de 2009, quando PMs flagraram Leandro de Moura e Gerson dos Santos Canoza transportando o corpo da jovem num carro, no Cachambi. Na 25 DP, eles disseram que foram contratados por Maria Glória e Silvio para desovar o corpo. Leandro e Gerson serão julgados por ocultação de cadáver.
Segundo Ana Paula, Suzana foi mantida em cárcere privado durante mais de um ano, por ordens de Vera, que incorporava uma entidade chamada "Ciganinha". A jovem era agredida com cabo de vassoura, socos e pedradas, e era obrigada a comer guimbas de cigarro e as próprias fezes.
Segundo o MP, na noite de 27 de abril de 2009, Suzana foi obrigada a ingerir remédios, cocaína e uma luva de látex pelos réus. Depois, teria sido espancada por Silvio até a morte.
PS: Parabéns Dr. Jorge Luiz Le Cocq d’Oliveira, certamente se fosse pai da moça e ela tivesse somente 5 anos de idade a pena seria o triplo... JS
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