sábado, 6 de abril de 2013

Camille e Rodin: Mulher deve nos amar para sempre...







Gosto muito deste assunto de mulheres jovens e lindas que se apaixonam por velhos...

Claro que é meio fábula...

Mas é ótimo...

Até meus 30 anos achava um horror...

Passei dos cinquenta e mudei de idéia...

Vou pesquisando históricos exemplos clássicos para sacramentar minha tese atual...

Na vida real isto inacreditável, para ambos lados...

Tempo desses e me interessei por uma senhôra no mercado Zona Sul de Ipanema  que me pareceu correspondência afetiva da boa...

Deve ter se impressionado - lógico, não existe outra explicação - com minha japona de lã azul marinho com botões com âncora no centro reluzentes a kaol...

Repuxei meu andador até bem próximo...

Ela conversava, toda empinada de academia,  com uma amiga de roupa de - hum - oncinha e salto alto com sola vermelha que custa 5 mil reais o par...

Me lançou olhar lânguido e fingia conversar com a colega para me impressionar enquanto olhavam para o celular...

- Querida, como você demora com isto!?

- Estou demoránu porque tá tudinho em ingrês prá disbroquear...

Quase tomei um tombo com andador e tudo ao tentar fuga...

Já não se fabricam mulheres como de antigamente que faziam balé, curso de francês na Alliance, equilibravam  livros na cabeça na Socila, corte e costura e ponto tricô chuleado além de artes culinárias até encontrarem seu senhorio para lhes retirar as botas quando chegasse em casa...


Bons tempos...

Marion Cotillard e Pablo Picasso...

Salomé e Nietzsche...


Pilar e Samarago...

Camille e Rodin...

Elas atualmente preferem Eikes Batista, Vitor Fasanos...

Quando reclamamos elas repetem que a fila anda, fila anda, fila anda...

É sempre o mesmo discursinho...

O mundo está perdido, gente!

Intelectuais de todas idades foram abandonados na solidão da artrose sem plano de saúde...

Ficamos ao beleléu...

Temos o verso e a prosa e elas nos ignoram...

Sabemos todas locuções para elevá-las às alturas de sonhos...

Estão nem aí para o espadachim Savinien  Cyrano de Bergerac que duelou mil vezes por suas múltiplas amadas...


Ué?!

Onde estão aquelas mulheres abandonadas que fechavam luto quando a gente se mudava para a casa da amante enquanto elaboravam frases com nossos nomes na vertical chorando noites sem fim?

Meu Deus, estamos perdidos!

Todas mulheres adoram o charme de tempos de antigamente da Belle Époque...


Querem ver como o mundo era belo?!

Camille jovem se apaixonou por Rodin já meio caído porém ainda sabia esculpir...

Rodin lhe ensinou tudinho tanto quanto a obra de ambos se confundem...

Rodin enjoou e deu um pé...

Acham que Camille mandou a fila andar?

Que nada...

Mudou-se para o hotel Quai Bourbon na mesma rua do escultor e permaneceu em grande solidão já que foi sincera, ardente e loucamente apaixonada pelo Rodin até o final da vida...

Viram?!

Isto é que é mulher de fibra...


Gostaria mesmo de enviar daqui meu abraço à Camille, se que possível já que depois do hospício se foi...

Grande Camille!


Ah, que saudades da Amélia...






Jorge Schweitzer







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