quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
O Apito e o Tambor: Bob Nadkarni
Foi dias desses...
Não sei qual...
Apanhei um senhor na Rua do Riachuelo próximo da Lapa...
Seguimos em silêncio em direção a Avenida Passos no centro do Rio...
No meio do caminho surgiu um apito...
Desses de guarda de trânsito...
O sinal fechado da Praça Cruz Vermelho anunciava parar...
O apito de alguém comandava seguir...
Impossível saber de onde vinha...
De repente, conseguimos achar o tal Guarda Municipal...
Escudado atrás dos carros de um posto de gasolina abandonado confundindo na contramão atrapalhando o tráfego tal um agonizante do Chico no passeio público...
Tento chegar próximo do cidadão fardado para lhe dar um esporro...
Não dá tempo, o trânsito flui, a vida anda...
Apesar destes impróprios elementos da natureza...
Comento o absurdo com meu passageiro:
- Possível que seu ego imenso não lhe caiba dentro do peito e tenha resolvido assoprar pra fora através do apito...
Meu passageiro ri da minha observação que chega a balançar o carro...
Vira um saboroso diálogo...
Meu passeiro tem forte sotaque inglês mas vocabulário extenso e inteligência rápida e incomum...
Ele me fala sobre a necessidade das pessoas chamarem atenção descontentes com seu silêncio imposto pela rotina das tarefas...
Putz, na hora, relembrei de um texto que postei por aqui chamado O Tambor...
Era um paralelo sobre meu silêncio eventual e o filme O Tambor...
Comento com meu passageiro sobre...
Ele conhece o filme, diz ter assistido há 30 anos na Inglaterra...
Nunca, jamais alguém comentou com ele sobre este filme que ficou na sua imaginação para sempre...
- Estou surpreso, um taxista me lembrar de o Tambor é difícil de imaginar... Você é taxista mesmo?
- Pois é, taxistas do Rio de Janeiro podem surpreender para o bem ou para o mal...
Lhe foi um filme marcante, comprou o livro em alemão mas não conseguiu ler em razão de seu escasso conhecimento do idioma, mas tentou...
Tentou comprar o filme para rever e não mais achou...
Confesso:
- Amigo, este maravilhoso filme é responsável por eu jamais ter comido peixe cru em restaurante japonês...
Me descreve a última cena do filme onde o menino que se nega crescer esculpe um coração num copo de cristal com seu grito para sua amada...
Eu nem lembrava mais da cena, o campo de concentração foi mais marcante...
Escreve seu nome num pedaço de papel que alcanço:
Bob Nadkami...
Avisa que será fácil encontrar sua história na Rede...
Possui um hostel na Ladeira Tavares Bastos, 414; é pintor; tem uma banda...
Me convida para aparecer por lá...
Na primeira ou segunda semana de cada mês tem um show por lá que reúne muita gente...
Todos o conhecem...
Qualquer hora vou...
Antes de ir embora, uma outra passageira aguardava para embarcar com imensas almofadas compradas no Saara, ainda comentamos a incrível coincidência dele conhecer o Ronald Biggs e uma amiga minha ter comprado sua casa em Santa Teresa antes de retornar à Inglaterra...
O Rio é uma pequena aldeia...
Todas aquelas não sei quantas pessoas que o destino trata de encontrarem-se algum dia se acham...
Mais cedo ou mais tarde...
Jorge Schweitzer
PS: http://www.selecoes.com.br/selecoes-e-voce/bem-estar/para-ver-o-ingles_4357.htm
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário