Paulo Godoy Função
Comércio da Franca
Quase 36 horas depois de ser espancado pela mãe, o garoto Adriano Henrique Jardim Ramos, de 5 anos, teve sua morte cerebral atestada pelo corpo clínico da Santa Casa de Franca. A notícia foi dada pelo delegado que cuida do caso, Djalma Donizete Batista. O hospital não deu qualquer informação.
De acordo com o policial, até as 17 horas de sexta-feira, Adriano estava respirando com a ajuda de aparelhos. A morte cerebral teria sido comunicada a ele pelos médicos responsáveis pelo atendimento à criança, por volta das 22h30 do mesmo dia.
Estavam sendo esperados para a tarde de sábado o pai e a avó materna, que voltariam a Franca para decidir se fariam ou não a doação dos órgãos de Adriano.
Família decide doar órgãos de Adriano
Um dia antes, o pai do garoto, cujo nome não foi informado, já havia vindo buscar o filho mais velho e irmão do menino espancado, de 11 anos, retornando posteriormente a Campinas, onde vive.
O caso chocou os moradores da comunidade rural Borda da Mata, em Cristais Paulista. A reportagem do Comércio conversou com o marido de Jane Aparecida Jardim, Thiago Rodrigues, 31, que demonstrou tristeza e indignação com tudo o que aconteceu.
Na quinta-feira, no final da manhã, o menino foi brutalmente agredido por Jane por fazer cocô nas calças e na roupa da cama em que dormia. A mãe confessou ter usado um cinto e segurado a criança pelo pescoço.
Depois da agressão, Adriano teria pedido para dormir. No momento, estavam presentes na pequena casa em que moravam, em uma colônia na Fazenda São José, apenas Jane, Adriano e seu meio irmão, Davi, de 2 anos.
Como viu que a criança não acordava, ela começou a pedir ajuda para vizinhos. Levado para o Posto de Saúde de Cristais Paulista, o menino foi imediatamente transferido para a Santa Casa de Franca.
Ao chegar, apresentava marcas generalizadas de violência nas costas, rosto, braços e pernas. Até uma vassoura com o cabo quebrado em três partes teria sido usada no espancamento de Adriano. Com traumatismo craniano, foi internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) da Santa Casa.
Sexta-feira, a perícia técnica negou que tivesse encontrado restos de fezes, derrubando inicialmente a alegação de Jane.
Por telefone, o delegado Djalma Batista disse que, juridicamente, ainda não podia falar oficialmente que Adriano estava morto. “Essa informação eu ainda não tenho e eu serei o primeiro a ser comunicado caso venha a acontecer”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, peritos da Polícia Civil atestaram que Adriano Henrique apresentava sinais de agressão recentes e outros com mais tempo de ocorrência. Evitaram, no entanto, sustentar a tese de tortura. Para o delegado, essa seria uma possibilidade de enquadramento no inquérito, caso o laudo apontasse que o menino vinha sendo seguidamente agredido pela mãe.
Djalma Batista já indiciou Jane Aparecida Jardim por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Se o quadro clínico da criança não se reverter, ela será enquadrada por homicídio qualificado.
No inquérito, o padrasto da criança Thiago Rodrigues será ouvido como declarante. Ele disse que estava trabalhando no momento da agressão e não viu Adriano ser levado para Franca.
De acordo com o delegado, ele, vizinhos e parentes serão todos ouvidos no inquérito. O policial disse querer saber se as agressões à criança eram constantes e contínuas e se havia conivência de alguém ou participação de mais pessoas.
Transferência
Jane Aparecida foi transferida da cadeia do Jardim Guanabara, em Franca, após sofrer ameaças de morte de outras detentas assim que deu entrada naquela unidade. Ela foi levada para a Penitenciária de Tremembé.
De acordo com o delegado Djalma Batista, Jane não aparenta sofrer de algum tipo de distúrbio que justificasse a atitude violenta.
A reportagem do Comércio esteve diversas vezes na Santa Casa de Franca para obter notícias do estado clínico de Adriano, mas o hospital omitiu qualquer informação.
A assessoria de imprensa não trabalha aos fins de semana e o presidente da Santa Casa, José Cândido Chimionato, não atendeu às ligações, mesmo com três números de telefone disponíveis.
Na recepção do hospital, a atendente chegou a dizer que o pai de Adriano estava sendo aguardado, mas que desconhecia sua morte cerebral. Após pedir para falar com a enfermeira-chefe ou com o médico responsável pelo CTI, a notícia foi de que ninguém falaria com a reportagem até esta segunda-feira.
PS: Vizinhos e moradores de Cristais Paulista já haviam denunciado, diversas vezes, maus tratos da mãe contra o menino Adriano Henrique e o Conselho Tutelar nada fez para evitar esta morte... Mais uma vez a inoperância do Poder Público deixa uma criança ser trucidada apesar de alertada... E, pelas marcas antigas no corpo da criança ele era torturado de forma sistemática... A 'mãe' Jane Aparecida Jardim já foi ameaçada pelas outras detentas e teve que ser transferida... Dentro em breve receberemos a notícia que ela foi picada ou incendiada viva na cadeia... JS
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