sábado, 21 de março de 2015

Carlos Alberto Magaldi, ex-vereador de 67 anos, é morto a tiros no bairro de Camboinhas, Niterói RJ



De acordo com a polícia, o político sofreu uma tentativa de assalto e acabou baleado. O crime ocorreu na Avenida Doutor Geraldo de Melo Ourivio, próximo à orla



Por: Pedro Conforte e Márcio Bulhões 


O ex-vereador de Niterói Carlos Alberto Magaldi (Solidariedade), de 67 anos, foi morto a tiros no início da tarde desta sexta-feira (20), na Avenida Doutor Geraldo de Melo Ourivio, em Camboinhas, Região Oceânica de Niterói, ao tentar fugir de dois assaltantes. 

Os criminosos tentaram levar o carro em que o ex-parlamentar estava - modelo Tiguan - e, ao tentar fugir, Magaldi foi baleado. Ele chegou a receber os primeiros socorros do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. 

De acordo com testemunhas, assustado com a abordagem, o político teria acelerado o veículo, sendo atingido no pescoço e no ombro pelos disparos dos criminosos. 

Ferido, ele perdeu o controle do veículo, que colidiu contra outro carro, que rodou e parou no canteiro central.

Os criminosos não levaram nenhum pertence do ex-vereador, que estava com R$ 937 na carteira. O dinheiro seria usado para pagar pedreiros que estavam trabalhando na construção de uma pousada pertencente a seu filho. O pagamento era feito toda sexta-feira. 

“Estava trabalhando aqui na frente, quando por volta das 13 horas escutei dois tiros e, logo em seguida, uma batida forte. Corri para prestar ajuda. Quando abri a porta do carro ele estava deitado no banco do carona, ainda vivo. Ligamos para os bombeiros que chegaram em 15 minutos. Tentamos ajudar mas ele não resistiu”, contou uma testemunha. 

Após assassinar Magaldi, a dupla roubou um veículo, modelo Logan de cor marrom, de um homem que estava na porta de casa. A polícia fez buscas para tentar localizar o veículo que não foi localizado até o fechamento desta edição. 

O crime aconteceu a poucos metros da casa de Leandro Magaldi, filho da vítima, que foi uma das primeiras pessoas a chegar na cena do crime. Ele permaneceu sentado próximo ao corpo do pai e, muito abalado, não deu declarações.

O presidente da Câmara, Paulo Bagueira (Solidariedade), e o vereador Beto da Pipa (PMDB) estiveram no local do crime para prestar apoio à família de Magaldi. 

“Era um bairro tranquilo, onde não víamos esse tipo de violência”, desabafou Bagueira.

Agentes da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) investigam o caso.  

“A perícia indica o latrocínio, que é nossa linha principal de investigação. Estamos esperando os laudos para tentar chegar aos culpados, além disso, estamos recolhendo as imagens, não só dos condomínios próximos ao local do crime, mas das adjacências para ver a hora em que eles chegaram e saíram de Camboinhas. Ao que tudo indica, eles chegaram a pé”, afirmou o delegado da DHNISG, Fábio Barucke, informando que já ouviu algumas testemunhas do assassinato do ex-vereador de Niterói.

Trajetória - Sete vezes eleito como vereador de Niterói e com uma passagem rápida, no final do ano passado, como suplente na Câmara, Carlos Alberto Pinto Magaldi era um apaixonado pelo carnaval, sempre atuando em defesa do samba, dos blocos e agremiações de Niterói. Ele foi o autor da lei criando a Semana Municipal do Samba no município. Ao longo de sua vida pública, além de vereador, Magaldi foi secretário de Bem Estar Social no Governo do Prefeito João Sampaio e administrador regional do Fonseca, na gestão Jorge Roberto Silveira.

Na última eleição foi o 11º candidato mais votado da cidade, com 3.137 votos e ficou com a primeira suplência do Partido Popular (PP).  Atualmente ele estava  filiado ao partido Solidariedade, que tinha como suas principais linhas de atuação, a segurança pública. 

Segundo o vereador Milton Carlos Lopes (PP), conhecido como Cal, 2015 seria um bom ano para Magaldi. 

“Ele ia assumir um cargo no primeiro escalão da prefeitura este ano”, garantiu o parlamentar.

Magaldi tinha forte influência eleitoral na Zona Norte da cidade, principalmente nos bairros do Fonseca, Riodades, Viçoso Jardim e Cubango.

Natural de Macaé, escolheu Niterói para viver, onde conquistou sua primeira vitória em 1984, quando elegeu-se vereador através do voto popular, pelo PTB.

A partir dai, Magaldi vinha se dedicando a servir ao povo niteroiense, sendo que lutava em prol de diversas causas sociais, o que lhe  rendeu o mérito da Medalha Tiradentes, pela sua “fidelidade às causas sociais”.

Após sua passagem pelo  PP, se filiou ao Solidariedade, após convite do amigo e colega, vereador Paulo  Bagueira, atual presidente da Câmara de Niterói.

Outras leis de sua autoria são a que obriga a realização do Teste do Pezinho em bebês e a que isenta do pagamento do IPTU os imóveis utilizados por livrarias.

Magaldi deixa viúva, Marilza, e um filho, Leandro. A outra filha do casal, Renata, morreu em 1994, após um acidente de carro, quando tinha 18 anos. 


“Lamentavelmente, em mais um episódio da violência urbana que afeta a Região Metropolitana, Niterói perdeu o ex-vereador Carlos Alberto Magaldi, vítima de criminosos que retiraram covardemente a sua vida.

A Prefeitura de Niterói solicitou aos órgãos estaduais de segurança pública o máximo empenho na identificação e prisão dos criminosos.

O ex-vereador Magaldi exerceu funções relevantes como parlamentar e como ex-secretário municipal. Compromissado com as causas da cidade, participou por muitos anos da vida pública no município”, informou o Município, em comunicado oficial.

O corpo de  Magaldi será velado a partir das 8 h na Câmara de Vereadores de Niterói, que fica na  Avenida Ernani do Amaral Peixoto, nº 625 no Centro. Às 16 horas o corpo será enterrado no Cemitério de Maruí, no Barreto.

Colegas do Legislativo e amigos descartam possibilidade de crime político

A morte de Carlos Magaldi chocou amigos e também colegas da Câmara Municipal de Niterói. Vários deles lamentaram o assassinato e disseram não acreditar que o crime possa ter conotação política. O presidente da Casa, Paulo Bagueira, companheiro de partido, lamentou o assassinato e cobrou “uma profunda investigação da polícia”. 

“Tentei falar com o Governador Pezão para não só pedir total empenho na apuração do assassinato, mas para tomar providências sobre a onda de violência em Niterói. Com as UPPs, muitos criminosos vieram para a cidade. Na segunda-feira irei me reunir com os vereadores para trabalharmos numa maneira de protestar contra essa violência. Perdi um amigo, e Niterói perdeu um homem público que lutava pela cidade. A pedido da família o corpo dele será velado na Câmara onde por mais de 30 anos foi a sua segunda casa”, disse. 

O vereador Milton Cal (PP) também recebeu com muita tristeza a notícia da morte do colega. Ao falar do companheiro de Câmara, o parlamentar disse estar bastante abalado com o crime. 

“É lamentável. Ele era um grande parceiro, um ótimo companheiro e um grande ser humano. Possuía um excelente caráter e era um orador maravilhoso. Adorava um samba, era flamenguista nato e sua vida inteira foi dedicada a Niterói. Sua morte é lamentável pois, este ano, ele iria ganhar uma vaga de secretário em alguma pasta.” 

O assassinato também repercutiu fora do Legislativo. Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Niterói, Antônio José Barbosa da Silva, a morte do ex-parlamentar é uma lástima para o município. 

“É lamentável. Ele era altamente competente e atuante dentro da Câmara. Esta morte representa uma grande perda para Niterói. Ele era uma pessoa simples, estava sempre de bem com a vida, era extremamente brincalhão e muito simpático. Lamentável este crime”, declarou.

De acordo com o amigo e presidente da Associação Fluminense dos Advogados Civilistas e Criminalistas (AFACC), Eduardo Tostes, a morte do amigo deixou o advogado chocado. Assim que recebeu a notícia ele não acreditou e foi conferir a veracidade da informação no Instituto Médico Legal de Niterói.  

“Fui o primeiro a ir ao IML solicitar informações, porém não consegui. Fui informado extraoficialmente que o corpo foi recolhido e levado para a necropsia, porém não havia previsão para liberação. Magaldi era um homem de extrema humildade, de bem com a vida e durante sua trajetória política conseguiu se reeleger como vereador. Era considerado personalidade do mundo do samba onde transitava livremente. Também era bem-visto em todas as comunidades e nas diferentes classes sociais. Reafirmo com a certeza que a morte do meu amigo não ficará impune. Acredito nas investigações da turma da Divisão de Homicídios e tenho certeza que sua morte não se trata de crime político, mas provavelmente de uma tentativa de roubo já que ele costumava ir à região do crime nos finais de semana verificar o andamento da obra de uma pousada que vinha sendo construída pelo seu filho, Leandro Magaldi. Talvez quem o assaltou tivesse imaginado que ele estava com dinheiro”, avaliou.


O Fluminense


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