sexta-feira, 4 de junho de 2010

Rodrigo Bonfim Pinto e Renato Pereira Tarradt e a tragédia nas pedras do Costa Brava...

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Foram encontrados os corpos de Rodrigo Bonfim Pinto e Renato Pereira Tarradt que morreram afogados na encosta do Clube Costa Brava durante a comemoração dos alunos do Curso de Formação de Soldados do Exército...

Incompreensível, com o mar de ressaca, que eles tenham se aventurado sobre as pedras...

Conheço bem o local...

Já estive diversas vezes por lá...

É amedrontador até quando o mar está normal...

Mesmo quem passa pelo Elevado da Niemeyer pode avaliar que é quase tentativa de suicídio enfrentar o mar no rochedo...

O Clube colocou sinalização precária tentando desencorajar desavisados...

Não foi suficiente...

Lamentavelmente, Rodrigo e Renato resolveram testar a fúria da natureza...

O Rio de Janeiro tem pontos de rochedo perigosos bastante conhecidos...

Deveriam ser isolados, de alguma forma, para evitar outras tragédias...

O Mirante do Leblon, o Costão do Leme e toda extensão da Avenida Niemeyer ali em frente ao Vip's...

Lembro de inúmeros casos de afogamentos nestes locais...

Anos atrás presenciei um idiota gordão descendo as pedras do Mirante do Leblon com uma criança no colo se aproximando assustadoramente das ondas que ricocheteavam violentamente nas pedras...

Entrei em pânico e comecei a gritar para ele voltar...

Ele ria zombando da minha falta de coragem...

Daí...

Todos no Mirante ficaram com ar reprovador me olhando como se eu fosse um medroso sem noção, enquanto fotografavam o valentão imbecil...

De repente, uma onda varreu o gordo e a criança em direção ao mar revolto...

Por sorte foram resgatados por diversos surfistas que se encontravam por ali e conduzidos sobre pranchas até as areias do Leblon...

Em dias de mar agitado, surfistas utilizam as pedras do Mirante do Leblon para entrar no mar e logo se afastam das pedras para o mar aberto e surfam em direção a praia do Leblon...

Não existe a mínima chance, mesmo com pranchas, de retornar às pedras...

Eu estava de motocicleta e desci até a praia para xingar o sujeito...

Ele estava assombrado em prantos e seu filho pequeno chorava...

Deixei prá lá...

Lembro que naquelas mesmas pedras morreu o zagueiro do Fluminense Ary Ercílio, que também jogou pela Seleção Brasileiro e pelo Grêmio na década de 70...

Estive no velório do jogador no cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre...

O esposo da bailarina Ana Botafogo também foi lambido por ondas nas pedras do Leme...

Inúmeros outros anônimos também morreram da mesma forma...

Mortes que o bom senso e o mínimo discernimento poderiam ter evitado...


Jorge Schweitzer




2 comentários:

  1. Infelizmente essas coisas acontecem.. Conheci o Renato Tarradt e a vontade que ele tinha de vencer era muito grande.. apesar do pouco contato que tive com ele e a Maria (sua namorada), era visível o quão grande eram seus sonhos.
    Em dia de comemoração, as atenções deviam estar redobradas, eram jovens, contentes, estavam bebendo.. Não devia ter permissão nem pra chegar perto da área de risco.. Muitos erros, dos meninos, do clube, do EB.. Mas achar culpados ou inocentes não os trará de volta né? Então é pedir a Deus que isso não aconteça com mais ninguém!!
    Difícil mesmo vai ser esse pai entrar no Clube no dia 3 de dezembro e acompanhar o que seria a formatura do seu filho, e ao invés de colocar o quépe nele, serão só lembranças, dos planos frustrados pela fatalidade e de que foi ALI, exatamente ali, que seu filho esteve pela última vez.

    Meus pêsames!!

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  2. Já fiz resgates de várias pessoas. O grande problema é o fator surpresa que pega o aventureiro. Com todo preparo físico e psicológico, é necessário ter uma coisa em mente: Calma e paciência, procurar não se apavorar, na hora do sufoco. O fato de estar respirando já é sinal de estar vivo e bem. Há anos, quando eu tinha 18 anos, na Bahia, final de tarde nas pedras do farol, quando saía de um mergulho submarino, resolvi burramente subir as pedras para sair da água. Quando cheguei nelas, tomei o cuidado e tive a atenção em proteger a cabeça. Consegui em menos de um minuto subir em uma pedra. quando ia passar para a próxima, que me dava acesso ao calçadão, fui surpreendido por ouriços nas pedras. Fiquei preso ali e pedi ajuda para que me arranjassem um par de sandálias. Me deram. Um oficial de marinha esticou a mão da calçada e me poupou de me perfurar todo. Me salvou.

    Mar é respeito, sempre treino nas arrebentações, furando ondas contínuas, é muito perigoso fazer isso sem experiência e calma. Em Niterói fui surpreendido por uma sessão de ondas e forte correnteza, tive que ter muita paciência para sair. nadei inclinado até a praia, pois nessa hora a correnteza te ajuda, mesmo que você fique longe do ponto de início, vale a pena, pois em menos de um minuto você chega a salvo.

    Arriscar sem treinamento e preparo é morte certa, e com treinamento e preparo, as chances do nadador especializado em resgate, tem risco em haver afogamento, caso vá direto as pedras.

    Não é bom arriscar.

    Luiz Lima

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