Até o momento os cadáveres resgatados do Morro do Bumba não chegaram a 30...
Quando a imprensa recebeu a notícia que poderia ter mais de 100 mortos por lá imobilizaram câmeras e microfones em direção à Niterói...
A Rádio Globo, Tupi AM e FM se posicionaram logo após a Ponte...
Helicópteros da Record e da Globo focando o desmoronamento abaixo do lixão do Jorge...
Datena enfurecido...
Alguém sugeriu que poderiam ser mais de 200...
CBN e BandNews deslocaram suas equipes para o local...
Bombeiros e Defesa Civil falavam em 300...
As TVs enviaram seus âncoras top de linha...
O Jornal Nacional enviou a própria Fátima Bernardes deixando seu marido William Borner protegido no cenário platinado da Rua Lopes Quintas no Jardim Botânico...
Escutei um locutor da BandNews insinuando 500 mortos...
Uma loucura...
Todos nós torcíamos para que não aparecesse mais nenhuma vítima fatal...
A imprensa continuava aguardando uma mortandade que impressionasse...
Possível até que existam cem cadáveres, 500 é improvável...
Contei as residências mapeadas na descida do entulho...
Do lado esquerdo: oito casas...
Lado direito: sete casas...
Incluindo uma igreja evangélica; um bar pizzaria; uma creche, salão de beleza e mais outra creche...
De acordo com a Defesa Civil o total seriam 40 residências...
Vamos até supor que sejam 50 casas no total...
Como houveram vários desabamentos inclusive na mesma noite da tragédia, as pessoas trataram de sair do local...
Aconteceu até o episódio inacreditável que uma família saiu meses antes de sua casa que já ameaçava ruir e se abrigou em outra de parentes...
A casa dos parentes foi arrastada e a antiga continuou de pé até ontem...
A imprensa permanece no Morro do Bumba sedenta por números que justifiquem investimento de deslocamento da produção...
Seres normais não...
A mídia pertence a uma outra forma incompreensível de sociedade onde o sentimento natural só se justifica em números de audiência...
Não importa qual quantidade de cadáveres...
Para a imprensa quanto mais mortos melhor...
Jorge Schweitzer
FLAGELO EM NITERÓI
ResponderExcluirEu também presenciei a dor incomensurável, a agonia e lágrimas nos rostos, de vizinhos e irmãos nossos que perderam tudo o que ajuntaram. Embora louvemos a Deus porque por ter livrado muitas famílias naquela localidade de Viçoso Jardim, não podemos ficar indiferentes ante o falecimento de seus familiares, vizinhos e amigos de nossos. Em meu prédio temos um dos empregados, Sr. Carlos, que trabalha na limpeza. Perdeu a filha, o genro e a outra filha está hospitalizada com graves lesões, correndo risco de morte. Lamentável que o prefeito da cidade tenha comparecido ao local da tragédia no Viçoso Jardim 15 horas depois. Pelo visto estava em mais uma de suas viagens a Miami. É o que se afirma na imprensa. Hipocritamente se proclamava que éramos a 4ª cidade em qualidade de vida no mundo. Eu nunca me enganei pela rua em que moro, suas calçadas e suas enchentes, sempre afirmando que eu imaginava que, se Niterói era a quarta cidade do mundo em qualidade de vida, o que seria da quin ta cidade. O povo, infelizmente, acreditou, elegeu os governantes que temos - se incluem os vereadores, e aí está nossa cidade marcada pela dor, pelas lágrimas, pela tragédia. Irmãos queridos que partiram e outros que choram a perda de seus entes queridos, inclusive filhos, muitos, em tenra idade. Que o Senhor Deus de misericórdia continue confortando os corações e que nos use e ajude-nos a ajudar, que as Igrejas e demais organizações, venham a socorrer, como muito de nós temos feito até aqui, aos que sofrem. Não apenas agora, na emoção, mas, depois, ajudando-os a reconstruir suas vidas, seus lares, suas famílias. Contudo, a situação da cidade é de grande calamidade. É a cidade mais afetada pelas chuvas e com o maior número de mortos e desaparecidos. Existem vários bairros isolados devido ao grande número de deslizamentos etc. Quem puder orar/rezar, peço que o faça, assim como enviar ajuda para instituições sérias. Mas, mais que tudo, cobrar responsabilidades de quem permiti u que a situação chegasse até onde estamos, sem esquecer que estamos em ano de eleições.
Raimundo Félix da Silva rfelixdasilva@yahoo.com.br
Niterói (RJ)