sábado, 24 de abril de 2010

Rio de Janeiro: Dia de São Jorge...

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Em Dia de São Jorge me sinto como estivesse circulando numa Havana estagnada no tempo...

São Jorge, o protetor do submundo...

Traficantes, prostitutas, antigos malandros...

Chapéus panamás, camisas vermelhas de mangas compridas e calças de linho engomado combinando com sapato branco bico fino...

Uma passadinha rápida na Igreja do Campo de Santana...
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Programa de devoto do padroeiro da Inglaterra, de Portugal, da Catalunha, dos soldados...

Pegar uma fitinha atada com três nós no pulso...

E...

O resto do dia enfiando a cara na cerveja dos bares do entorno...

Com direito a rodelas de salame...

Pratinho de azeitonas capturadas pelo palito de limpar entre os dentes...

Fico a observar velhinhos hipertensos comendo e bebendo...

São Jorge é praticamente uma religião a parte onde permitido o prazer...

Rua Gomes Freire, Senado e Buenos Aires entupidas por mesas, cadeiras e pessoas de vermelho e branco dançando como se o Rio fosse uma imensa Cuba em stop...

O Dia de São Jorge daqui há dez anos talvez não tenha mais público...

Somente idosos conservando a tradição...

A missa na esquina da Presidente Vargas com Praça da República - de duas em duas horas - quase ninguém assiste...

A cada ano diminui mais a frequência...

Todos bebem...

Rostos, roupas, fitas...

Todo puteiro da cidade possui uma imagem iluminada por vela por trás da porta de entrada...

Todo policial conhece a Oração de São Jorge...

Todo soldado do tráfico tem São Jorge como protetor até ser morto ou preso e se tornar evangélico...

Até eu estive pensando em tomar tenência e optar por uma religião...

Pensei na Universal...

Desisti depois de levar quatro horas entre o centro e Copacabana no 21 de abril...

Ontem, assisti uma mulher linda vestida de vermelho dançando - quase ali abaixo dos Arcos da Lapa - ao som de atapaques e chocalhos a me lançar um sorrisão lindo...

Balancei...

Salve Jorge!








Jorge Schweitzer





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