terça-feira, 13 de agosto de 2013

Texto da Dra. Cristiane Marcenal na voz de Boechat na BandNews relembra os 3 anos da morte de Joanna Marcenal











" Lugar comum hoje dizer que os filhos não nos pertencem. 

Há poesia, verso e prosa a respeito. 

É bíblico. 

Nos são dados como herança. 

Mas que duras palavras, quando se é obrigado a devolvê-los a Deus. 

Sentada ao lado da Joanna, segurando-lhe a mão, vi seus batimentos caírem pouco a pouco até o coração enfim parar. 

(Ninguém sabe, como é o momento da morte). 

Por médica que sou, ela estando em morte cerebral clínica, não podia me ouvir, mas eu sabia para onde ela iria. 

Abracei-a, despedi-me acariciando a fronte com muitos beijos e num ato solene, sagrado, devolvi-a a Deus. 

Não poderia transferir esta tarefa, nem deixar de executá-la. 

Era minha, única, intransferível no céu e na Terra. 

Em oração, com os olhos alagados e alma gelada pelo silêncio que a vida se transforma entreguei minha filha de volta a Deus. 

Verdade é que muito machucada, queimada, pés e mãos inchados, pé cortado, cabeça idem, sem dentes frontais, hematomas múltiplos, com cérebro inchado, respiração por aparelhos, cena que não quero reviver. 

Mas nada disso era por minha culpa. Por isso minha tranquilidade no sepultamento. 

Meu dever foi cumprido. 

Naquele momento éramos eu e Deus, e a Joanna. 

Eu a entregava morta e Ele a recebia viva. 

Hoje faz 3 anos desta experiência. 

Descobri que o pai a torturara depois de seu sepultamento. 

O que pra mim era abandono, se transformou em homicídio e tortura, crime hediondo. 

E então minha trajetória por Justiça. 

Hoje aguardamos pronúncia do Juiz enquanto seu pai, o tal homicida tenta ser igual ao que vai julgá-lo. 

Resolver a coisa entre amigos. 

Mais uma vez. 

Esqueceu-se que já sabemos que foi por “amizade” que a Joanna parou nas mãos dele e por essa “amizade” ela foi morta debaixo do manto da justiça. 

A Joanna terá Justiça. 

Não me receio porque a Joanna já se foi. 

Tudo já está perdido. 

O pior já aconteceu. 

Sigo a vida para fazer meus outros dois filhos felizes. 

Não me interessam os rumos e destinos dos assassinos de minha filha. 

Sei que a Justiça prevalecerá nesta Terra e estarei de pé diante dos homens para vê- la, de joelhos diante de Deus para agradecer. 

Muito obrigada às milhares de pessoas pela intercessão e solidariedade, pelas cartas recebidas, pelos cartões, presentes e afagos. 

Deus certamente os recompensará com sua Graça sem fim. 



Cristiane Marcenal "










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