sábado, 10 de agosto de 2013

Gravações do major Edson Santos com Duda, líder comunitário da Rocinha

POR QUE AMARILDO FOI LEVADO À UPP

O major Edson Santos diz que Amarildo de Souza, conhecido como Boi, foi levado à sede da Unidade de Polícia Pacificadora no dia 14 de julho porque "parece para caramba" com um homem procurado, cuja foto estava em poder da polícia.
AMEAÇAS

O líder comunitário Carlos Eduardo Barbosa, o Duda, diz ao major que um policial de nome Vital, um dos que levaram Amarildo à UPP, aterroriza moradores e ameaçou Bete, mulher de Amarildo. O major relata que mandou Vital parar "de falar besteira".

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES


O major pergunta se Duda pretende se candidatar a presidente de alguma associação de moradores da Rocinha e pede para o líder comunitário "não trazer ninguém deles", ou seja, receber apoio de traficantes. Noutro trecho da gravação, o major promete apoio.


INTERFERÊNCIA POLÍTICA

O major diz que o deputado estadual e atual secretário estadual de Esportes, André Lazaroni, pediu a sua demissão do comando da UPP ao governador Sérgio Cabral. O deputado tem base eleitoral na Rocinha e apoio de líderes comunitários


A ESCUTA

O major menciona que um traficante, chamado Catatau, foi flagrado em escuta telefônica afirmando que matou Amarildo. Duda diz que a família de Amarildo não acredita nessa versão "porque o bandido está lá e viram que ninguém fez nada contra ele".


BANDIDOS MENTEM

O major diz que traficantes mentem nas escutas telefônicas, mas o oficial dá crédito às ameaças de bandidos. Diz esperar "que o moleque", provavelmente um policial, não esteja envolvido no sumiço de Amarildo. Afirma acreditar num complô de bandidos.



O INFILTRADO

A Unidade de Polícia Pacificadora infiltrou um PM possivelmente chamado Avelar entre os traficantes de drogas na Rocinha. O major pede para o líder comunitário não entregar a identidade do policial aos bandidos.



COMANDANTE LADRÃO

O major diz ao líder comunitário que um policial corrupto, que passasse a comandar a Unidade de Polícia Pacificadora na Rocinha, teria como agir facilmente em extorsões na favela e ficaria milionário.

Comandante de UPP acusa tráfico de sumiço de Amarildo 

ÉPOCA obteve gravação de conversa de major com líder comunitário. 

Segundo major da PM, traficantes queriam incriminar a polícia 


HUDSON CORRÊA 


O comandante da UPP da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, o major Edson Santos, ainda não se pronunciou publicamente sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, na favela da Rocinha, em 14 de julho. 

Em uma conversa com o líder comunitário Carlos Eduardo Barbosa, conhecido como Duda e próximo à família de Amarildo, o major disse acreditar que o desaparecimento do pedreiro esteja ligado a traficantes da comunidade. 

No diálogo, gravado por Duda e obtido com exclusividade por ÉPOCA, Santos afirma que a intenção dos traficantes seria incriminar a Polícia Militar. 

Ele cita um bandido de nome Catatau que, segundo ele, admitiu o crime numa escuta telefônica. 

Segundo a versão do major, os traficantes teriam motivos para se vingar pois um policial militar se infiltrara entre eles para investigá-los. 

Ainda na conversa, Duda reclama de um policial suspeito de agredir moradores. 

"Eu mandei ele parar de falar besteiras", diz o major Edson Santos na gravação. 


Família pede na Justiça reconhecimento da morte de Amarildo 

Apelidado de Boi, por carregar até dois sacos de cimentos nas costas, o pedreiro foi levado por policias militares para averiguação no dia 14 de julho, à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no alto do morro. 

Desde então, não foi mais visto. 

Três dias após o desaparecimento do pedreiro, o secretário da Segurança Pública, José Mariano Beltrame, reuniu-se com familiares da vítima e prometeu uma investigação rigorosa. 

Naquele dia, 17 de julho, o líder comunitário Duda convocou protestos e promoveu o fechamento de avenidas com cartazes com a pergunta: “Onde está o Amarildo?”. 

O encontro entre Duda e o comandante da UPP da Rocinha ocorreu no Portão Vermelho, localidade que dá acesso à sede da UPP, depois da promessa feita pelo secretário de Segurança Pública. 

Desconfiado da polícia, o líder comunitário gravou meia hora de diálogos sem o policial perceber e entregou o áudio ao advogado João Trancredo, que atua na área de direitos humanos e dá assistência jurídica à família de Amarildo. 

Outro trecho emblemático do diálogo trata menos do sumiço de Amarildo e mais da interferência política no policiamento da Rocinha, uma comunidade com 40 mil eleitores. 

Durante a conversa, o major afirma que o deputado estadual licenciado e secretário estadual de Esporte, André Lazaroni, pediu a sua demissão do comando da UPP por e-mail, enviado ao governador Sérgio Cabral. 

Lazaroni tem base eleitoral na Rocinha e recebe apoio de líderes comunitários da comunidade. 

Procurado para comentar o assunto, o deputado disse a ÉPOCA que o major tenta incriminar seus aliados. 

“Isso é mentira do major. Eu renuncio ao mandato, se esse e-mail aparecer. O major faz perseguição às lideranças que me apóiam”, disse Lazaroni. 

"Jamais o deputado e secretário Lazaroni teve essa conversa comigo. Não é verdade", afirmou o governador por meio de sua assessoria. 

ÉPOCA pediu ao perito Ricardo Molina que analisasse o áudio da conversa entre Duda e o major. 

“Não foi detectado qualquer indício de montagem. A gravação é íntegra e não existe descontinuidade ou qualquer outro efeito que pudesse ser atribuído à adulteração de seu conteúdo original”, afirmou Molina. 

ÉPOCA enviou ao perito entrevistas à imprensa concedidas pelo major para comparação. 

“A voz atribuída ao major Edson é perfeitamente compatível com as amostras padrão apresentadas.” 

Procurado, o major confirmou a conversa, mas não quis comentar seu teor. 

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora não comentou o caso sob investigação da Polícia Civil.


PS: Aguardemos novas mortes na Rocinha... Amarildo, sumido e acusado de associação ao tráfico vivia num único cômodo inacabado de 10 metros quadrados com uma só porta e a única janela era um basculante  convivendo com sete outros familiares em condições sub humanas incompatíveis com acusação de traficante, vapor ou mesmo estica... Pode até ser que Amarildo não fosse o primor de cidadão pedreiro sem pecados mas certamente não era o bandidão que a Polícia agora tenta incuti-lo para se livrar da acusação de assassiná-lo... Não cabe demonizar Amarildo mas somente explicar onde está seu corpo e informar que o executou... JS







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