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20 de outubro de 2004
Foi o dia mais feliz da minha vida.
Joanna nascia linda, linda e cheia de saude.
Se quiserem podem vê-la no site da Casa de Saúde São Jose, ainda esta lá, apesar dela não existir mais.
Ela viveu tão pouco que muitas coisas materiais duraram mais tempo que ela.
13 de agosto de 2010
Eram quase 18h, minha família proibida judicialmente pela Dra Claudia do Nascimento de ver a Joanna naquele dia; então permanecíamos sentados na calçada da AMIU: eu, minha mãe, marido e alguns parentes que se revezavam em vigília para estar com a Joanna.
A ordem judicial dizia que os dias pares seria da família materna e os impares da paterna, mas eles só davam uma passadinha rápida por lá; nem todos os dias, no máximo 30 min, de conversa com o médico porque sequer punham a mão sobre ela.
Temos todas as mães daquela UTI que viam a cena e tinham vontade de vomitar ao vê-los encenar a visita.
Agora sabemos porque.
Como puderam ser tão incompetentes e não terminar logo com “aquilo”.
ELES NÃO CONTAVAM COM O PODER DE DEUS e a capacidade de resistência da minha filha para denunciar o que fizeram com ela.
E ela só tinha 5 anos.
Pois bem o Dr.Hilton me chama e diz: ela não responde mais aos medicamentos, já tentamos tudo.
Entrei e sentei-me ao lado dela dizendo que estava lá e que ela ia partir, mas eu ia ficar, que quando chegasse ao céu, desfrutasse enfim de paz, consolo e colo, colo do Senhor Jesus que deve tê-la abraçado com todo amor.
”Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino dos céus”.
Segurei sua mão inchada abracei-a com toda minha força, seria minha ultima vez no seu corpo quentinho e esperei pelo ultimo batimento e ela foi ficando cianótica despedindo da vida e de mim.
Pobre de mim que fiquei.
Naquele momento só havia amor: eu e a imensa vontade de mostrá-la que eu estava lá.
Era sua mesa de sacrificio e eu a entreguei a Deus, não porque quisesse, mas porque não havia como evitar.
Naquele dia não haveria outro milagre, senão o da Joanna chegando à Glória de Deus.
Nestes dias de festas é óbvio não teremos festas, nossa família foi decepada, estamos sem um pedaço, sem o qual não aprendemos sobreviver.
Sobra talher rosa sobre a mesa, sobra uma poltrona na sala, sobra uma cama no quarto, cabides no guarda-roupas, lanche na merendeira e o ano letivo não terminou pra ela.
Ela não soube ler e escrever o que queria.
Não conheceu a Disney, não viu a neve, não pôde andar no carrinho de bate-bate no parque...
Dia 15 de agosto de 2010
Entregaram-me o corpo de minha filha gelado, aberto do pescoço ao púbis e suturado, é claro após a necropsia, a da cabeça é preferível não descrever visto que muitos amavam Joanna, não vão suportar e nem precisam saber como é isso, mas eu, eu sou médica.
Não consigo descansar um minuto sequer ao pensar nos horrores a que fora subemtida minha filha naquela masmorra.
Dizem os prontuários que há 15 dias apresentava disfunção de esfíncter segundo depoimentos de médicos, declarado pelo pai.
(Alguém já soube o que acontecia quando eram torturados os presos políticos desta nação ou os judeus dos campos nazistas?Eles se urinavam e defecavam sem querer.)
Vocês viram o Zeu sendo preso?
E com o maior cuidado ele mesmo se entregou tal era o pavor!
O que a babá viu e o pai admitiu não é nem o início do que passou minha filha, talvez aquele tenha sido um momento de recuperação para ela, um intervalo para a próxima sessão.
Amarrada pés e mãos sobre cocô e xixi num tapete dentro do closet que termina ao lado da cama onde dormiam Vanessa e André, devia dar-lhes algum prazer vê-la gemer.
O quarto é no segundo andar da cobertura e o closet bem em frente à cama dos torturadores.
Eu já estive naquela masmorra.
Não é minha intenção destruir também o Natal de vocês, mas eu lhes peço, tendo em vista que a 1º audiência será dia 10/01 que essa semana antes que preparem suas ceias e comemorem com suas famílias a alegria do Natal peçam a Deus, uma só vez que seja, essa semana, por todos nós.
E curtam seus Natais cheios da máxima alegria, felicidade e bagunça que a vida lhes puder oferecer.
Nós éramos assim.
Portanto só lhes imploro um presente bem pequeno e tão grande que pode mover o Brasil inteiro:
Não se esqueçam da minha Joanninha, ela sofreu demais pra ser esquecida naquela sepultura sem Justiça!
Cristiane Marcenal
Jorge,
ResponderExcluirEu li esse depoimento da Cristiane, ontem a noite.Confesso que nada comentei pq não tive palavras.É um caso muito triste,cruel e revoltante.
E só Deus para aliviar o coração dessa mãe,pq se o nosso que não chegamos a conhecer a pequena,doe tanto,imagine o coração de quem gerou, amamentou,cuidou e amou,saber que seu anjo passou por tal barbarie?
Só Deus mesmo pra aliviar essa dor e ninguem mais.E ainda aquele verme querendo passar o natal com a família? Deus é justo e não permitiu.
Agora pergunto,como um imbecil ainda tem coragem de ir ao trabalho da Cris,machucar ainda mais o coração dessa mãe.Essa criatura não tem mãe não?
Gabi.
É muito, muito importante que essa mensagem de Cristiane Marcenal (a quem mais uma vez deixo um abraço forte) seja repassada para outros blogs e para os mais diversos veículos de comunicação.
ResponderExcluirEstou tomando a liberdade de enviar a mensagem por email para o jornalista do NYTimes no Brasil, o qual não respondeu ao nosso apelo anterior. Até entendo que o NYT tenha suas prioridades mais voltadas aos interesses externos do que exatamente os problemas brasileiros, mas não custa tentar.
A dor e a extrema indignação continuam.
Otávio
Otávio,
ResponderExcluirVocê tem toda razão.E o caso Joana não foi coberto pela grande mídia,como o caso Isabela.Ainda hoje,quando comento com algumas pessoas,muitas nunca ouviram falar.
Então o que fiz? Fiz a minha parte,espalhei o caso para os meus 500 amigos na rede e cada um deles tambem tem muitos amigos.Pessoal do blog,fica aqui essa sugestão de divulgação.Pq a Cris precisa do apoio da sociedade,pra lutar,pq até agora só um foi pra cadeia e ainda com gente querendo liberta-lo.E a sociedade, não pode permitir que uma monstruosidade dessa fique impune.
Gabi.
Mais uma vez choro junto com vc Dra cristianne; todos nós que revoltamos com essa história nos sentimos seus irmãos e choramos junto...a cda vez que vc fala da joaninha.Inexplicável o porquê dessa tragédia e ainda protagonizada pelos que a deviam amparar e cuidar.Vc é uma heroína em lutar de forma incessante pela justiça.Como ja anteriormente lhe disse da minha fé espírita..tenho certeza quea joaninha está amparada e bem.Essa gente pertence a outra falange..são corvos escuros que veem a terra semeando a tragédia.Só de olhar a futilidade da avó paterna e pensar na bíblia ensebada do avô pastor me lembro da frase de Jesus 'selpucros caiados de branco".Cristiane...lhe envio esse pedacinho de Salmo.."O senhor é meu pastor e nda me faltará.Deitarme faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. REFRIGERA A MINHA ALMA; GUIA-ME PELAS VEREDAS DA JUSTIÇA, POR AMOR DO SEU NOME." Um beijo...e todos que choram com vc certamente nesse natal mandarão presentes em forma de oração a nossa querida joaninha.Seja forte.Justiça haverá de ser feita.
ResponderExcluirCristiane,
ResponderExcluirsua Joanna não será esquecida!
Certamente ela já foi amparada lá em cima, mas a saudade aqui deve doer muito.
Acredite que Deus proverá a justiça e nos ensina com isso a dar valor aquilo que nós temos tão perto.
Que Deus ilumine teu caminho, acalme seu coração, e lhe permita sentir que Joanna se foi sim, mas ela só virou anjo e continua pertinho de vc!
Um gde bj e tenha um Natal santo na medida do possível e com muita paz de Deus!
Impossivel ler e nao ficar com os olhos cheios de lagrimas !!
ResponderExcluirJorge, vc consegue nos presentear com um blog muito interessante e ainda usa lo para colocar estes vermes em seu devido lugar!!
obrigado
CLAUDIO SP
Concordo plenamente com o que todos disseram. Não consigo passar um dia sem me lembrar da Joanna e da Cristiane. Dói muito. É muito triste tudo isto. Mas Cristiane vc pode contar co as minhas orações.
ResponderExcluirOro e continuarei orando para que Deus traga consolo ao seu coração e de seus familiares. E que todos os que participaram desta barbárie paguem pelo que fizeram.
Todas as vezes que leio os depoimentos de Cristiane, me emociono indo ás lágrimas e nunca consigo comentar nada naquele momento. Gostaria apenas de dizer a Cristiane que nesse Natal levarei uma prece a Deus por ela, sua família e por "nossa Joanninha", como ela nos permite chamar. E que Deus consiga confortar seu coração e lhe dê muita força. Bete
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