quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Meu Voo Final






Não sou sonhador...

Sou sonâmbulo...

Todos sabem...

Por vezes parece loucura...

Mas é real...

Totalmente...

Sem vírgulas, pontos finais nem minhas reticências...

Resolvi doar meus últimos dias à uma grande causa...

Do que me valem mais dez, quinze ou trinta anos à base de comprimidos de pressão arterial e labirintite que jamais imaginei um dia ter...

Posicionem o vídeo em 5:12 e vejam a deslizada que um dia sonhei dar na frente de vocês todos...

Façam melhor coloquem na posição 3:12 e vejam meu  rodopio para sempre...

Aquilo é meu sonho de consumo...

Hoje tentei fazer os dois aos mesmo tempo no chão molhado de sabão na borda de uma piscina que não minha...

Quase me esborrachei...

Coloquei os tênis para tentar melhor controle e até que ficou legal...

Mas ainda falta algo para o meu grande epílogo...

Não quero partir feito um babaca com algodão nas narinas que me afirmam que agora de silicone...

Quero o Gran Finale cravando estaca de madeira ou bala de prata nos demônios iluminados a me perpetuar como o Estranho no Ninho quixotesco definitivo...

Quero incorporar  no mesmo personagem todos meus Carontes, Cozinheiros  Porteiros Fiéis ou Javerts...

Quero tudo!

Quero me sentir um Django liberto para sempre, com d mudo na citação Ezequiel ou Isaias na ponta da pronúncia a sacramentar todos Bastardos Inglórios como no meu gibi  Pulp Fiction refolhado  acima da minha cova rasa sem cruz, mármore ou nome do Taxi Driver..

Jamais imaginei morrer como um idiota...

Se isto ocorrer...

Por favor, me desenterrem...

Me amarrem na cadeira do último julgamento a encarar o plenário  tal um El Cid a meter maldição em todos bandidos que mataram a criança...

Depois  me rodopiem féretro na poltrona giratória ao som de My Way legendado...

Me  atem uma barra de ferro entre minhas duas mãos...

Bem forte...

E me empurrem a deslizar em direção ao bando dos réus...

Para eu providenciar  minha derradeira porrada nos cornos do assassino...

Não posso ir embora sem fazer o que tem que ser feito...

Obrigado!




Jorge Schweitzer








Nenhum comentário:

Postar um comentário