sábado, 16 de fevereiro de 2013

Literatura é mala







Marqueteiros de todas estirpes, profissionais ou improvisados, sacam expressões que não entendemos muito mas achamos ótimo... 

Somos seduzidos por letreiros indutivos... 

Quem já não entrou em uma loja somente porque um imenso cartaz descrevia: Liquidação, Queima Total, Salle ou Ponta de Estoque? 

Conheço uma loja de material de escritório, na esquina da Av. Gomes Freire com Relação que promete “Preço de Custo para Entrega das Chaves” há vinte anos... 

E esses sandubas de rua? 

X-Tudo ou hambúrguer simples? 

Claro, você irá escolher o X-tudo que é tradução popular de tudo que é troço que encontrarem no carrinho ambulante ao mesmo preço... 

O que me fascina muito é o churrasco grego... 

Aquilo é fascinante... 

Nunca tive coragem de comer, mas fico babando... 

No dia em que receber a notícia que tenho poucos dias de vida juro que ficarei ao lado de um comendo uns dez... 

Quer ver outra coisa que chama atenção mas ninguém sabe o que é? 

“Almoço Executivo”... 

E “Culinária Oriental”? 

São nomes esquisitos que acabam em “is”; iguais aos filmes do Woody Allen que ninguém gosta mas afirma adorar e o guardanapo é cozido e a comida crua... 

E “Comida Caseira”? 

Chega de rango... 

E “Suíte Vip”? 

Quando você quer impressionar namorada nova escolhe uma sem saber o que te espera lá dentro entre piscina, hidro e sauna e você só irá desfrutar de algo que você pode fazer até num banco de fusca... 

E “Lavagem à Seco”? 

Quando você pega aquele paletó abandonado para dar uma geral, antes de ir à um maldito casamento que a patroa sempre arruma para você ir contrariado e morrendo de calor engravatado, leva pra lavanderia e opta por o “à Seco” e irá morrer sem saber se será molhado ou aspirado... 

E “Turbo”? 

Todo picareta que queria te empurrar um micro, antigamente, tascava o adjetivo e você pagava mais sem saber que mierda era o “Turbo”... 

Agora são os HDs com não sei quantos Gigas ou Teras que nunca parei para contar o que cabe dentro já que fazia trilhões de contas para armazenar, na época jurássica, 8 bits num byte... 

E anúncio de carro? 

“Carro de Mulher” ou “Carro de Médico”... 

Sejamos sinceros, mulher dirige muito  mal  e médico roda mais que taxista para cumprir plantões malucos, isto quando comparece, lógico... 

E “Carro de 2o. dono, ano 2003 modelo 2004”? 

Nunca será possível checar quantos donos teve além do último e o que me interessa é o ano de fabricação do raio do móvel... 

 E “Táxi Especial”? 

Pô, todo táxi tem que ser especial ou quando não é “Especial” você estará entrando numa roubada? 

E quando queremos impressionar na prosa rotulamos nosso palavrório impresso como “Texto de Literatura” para deixar o leitor babando achando que está lendo algo escrito por alguém que sabe o fala... 

Então? 

Isto é um “Texto de Literatura”... 



Jorge Schweitzer





Nenhum comentário:

Postar um comentário