sexta-feira, 13 de julho de 2012

Rodin e Camille






Gosto muito deste assunto de mulheres jovens e lindas que se apaixonam por velhos...

Claro que é meio fábula...

Mas é ótimo...

Até meus 30 anos achava um horror...

Passei dos cinquenta e mudei de idéia...

Vou pesquisando históricos exemplos clássicos para sacramentar minha tese atual...

Na vida real isto inacreditável, para ambos lados...

Hoje me interessei por uma senhora no mercado que pareceu correspondência afetiva...

Deve ter se impressionado com minha japona de lã azul marinho com botões com âncora no centro reluzentes a kaol...

Repuxei meu andador até bem próximo...

Ela conversava empinada com uma amiga de roupa de - hum - oncinha e scarpin com sola vermelha...

Me lançou olhar lânguido e fingia conversar com a colega para me impressionar enquanto olhavam para o celular...

- Querida, como você demora com isto!?

- Estou demoránu porque tá tudinho em ingrês prá disbroquear...

Quase tomei um tombo com andador e tudo ao tentar fuga...

Já não se fabricam mulheres como de antigamente...

Marion Cotillard e Pablo Picasso...

Salomé e Nietzsche...


Pilar e Samarago...

Camille e Rodin...

Elas atualmente preferem Eikes Batista, Vitor Fasanos...

Quando reclamamos elas repetem que a fila anda, fila anda, fila anda...

É sempre o mesmo discursinho...

O mundo está perdido, gente!

Intelectuais de todas idades foram abandonados na solidão da artrose sem plano de saúde...

Ficamos ao beleléu...

Temos o verso e a prosa e elas nos ignoram...

Sabemos todas locuções para elevá-las às alturas de sonhos...

Estão nem aí para o espadachin Cyrano de Bergerac que duelou mil vezes...

Onde estão aquelas mulheres abandonadas que fechavam luto quando a gente se mudava para a casa da amante enquanto elaboravam frases com nossos nomes na vertical chorando noites sem fim?

Meu Deus, estamos perdidos!

Todas mulheres adoram o charme de tempos de antigamente da Belle Époque...


Querem ver como o mundo era belo?!

Camille jovem se apaixonou por Rodin já meio caído porém ainda sabia esculpir...

Rodin lhe ensinou tudinho tanto quanto a obra de ambos se confundem...

Rodin enjoou e deu um pé...

Acham que Camille mandou a fila andar?

Que nada...

Mudou-se para o hotel Quai Bourbon na mesma rua do escultor e permaneceu em grande solidão já que foi sincera, ardente e loucamente apaixonada pelo Rodin até o final da vida...

Viram?!

Isto é que é mulher de fibra...


Gostaria mesmo de enviar daqui meu abraço à Camille, se que possível...

Grande Camille!

Ah que saudades da Amélia...




Jorge Schweitzer








2 comentários:

  1. Então Jorge, precisa assistir "Boda Branca", de 1989. Não sei se o encontrará com facilidade.
    Abração.
    Sérgio.

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  2. Boa noite. O Senhor só se esqueceu de mencionar, que ela foi parar em um hospício, e ficou o resto da vida por lá, justamente por causa dessa paixão por Monsieur Rodin. Deus que me livre de uma encrenca dessas!!!

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