sexta-feira, 11 de maio de 2012

Três são condenados pelo assassinato de Celso Daniel





EFE

Três dos cinco acusados pelo assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, foram condenados entre 18 e 24 anos de prisão por suas responsabilidades no crime, informaram nesta sexta-feira fontes judiciais.

As sentenças foram anunciadas nas últimas horas de ontem após um longo julgamento no Fórum de Itapecerica da Serra. O homicídio, que ocorreu em 2002, foi atribuído à criminosos comuns, mas a família de Celso Daniel continua afirmando que trata-se de um crime político relacionado com denúncias de corrupção.

Apesar da sentença do juiz penal de Itapecerica da Serra, Antonio Augusto Hristov, não ter mencionado as supostas motivações políticas, o juiz Marcio Augusto Friggi assegurou que a condenação fortalece essa hipótese.

"O veredicto do júri mostra o acerto da tese do Ministério Público no sentido que houve um crime político", afirmou Friggi após ler a sentença e indicar que os três condenados apenas cumpriram ordens dos verdadeiros interessados na morte do político.

Desta forma, Ivan Rodrigues da Silva, condenado a 24 anos de prisão, José Edison da Silva, a 20 anos, e Rodolfo Rodrigues da Silva, a 18 anos, foram considerados responsáveis pelo sequestro e assassinato de Daniel.

Os três condenados, que negam suas respectivas participações no crime, acusam o advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh de ter forçado eles a se declararem culpados.

Daniel foi sequestrado em janeiro de 2002, quando era prefeito de Santo André. Na época, o político tinha acabado de ser nomeado coordenador da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, que, dois anos depois, assumiria a presidência da republica pela primeira vez.

Os seqüestradores nunca fizeram nenhum contato com a família e, dois dias depois do desaparecimento, o prefeito foi encontrado morto em uma estrada de terra em Juquitiba, no interior de São Paulo, com 11 marcas de disparo no corpo.

A Polícia e o próprio PT atribuíram o caso a um crime comum, mas os familiares de Daniel denunciaram em 2005 que Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete do presidente Lula, havia confessado que o prefeito tinha sido vítima de uma rede de corrupção do partido, que também servia para financiar campanhas eleitorais.

Carvalho, que atualmente é ministro da Secretaria da Presidência do Governo de Dilma Rousseff, sempre negou essa versão, a mesma que o juiz, no entanto, referendou em sua declaração perante o júri.

Segundo Friggi, Daniel foi assassinado "por saber demais" e porque tinha descoberto que dirigentes do PT ficavam com parte do dinheiro que deveria ser destinado ao financiamento de campanhas.

De acordo a essa tese, também defendida por familiares de Daniel, o prefeito estava disposto a denunciar a rede de corrupção, o que justificaria seu assassinato.

Em sua alegação diante do júri, o juiz lembrou que após a morte de Daniel mais sete pessoas ligadas ao caso também foram assassinadas, entre eles o garçom que atendeu Celso e Sérgio Gomes da Silva (o Sombra) no dia do sequestro, um preso resgatado de helicóptero de um presídio só para participar do sequestro e o perito que atestou que o prefeito foi torturado antes de ser morto com oito tiros.

O julgamento dos outros dois acusados do homicídio foi adiado para o dia 16 de agosto, já que os advogados dos acusados, alegando violações de direitos de seus clientes, abandonaram a audiência.




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